Do Mundo-Nipo com Agências
O dólar fechou em queda de mais de 1% ante o real pelo segundo dia seguido nesta sexta-feira (9), encerrando a primeira semana “inteira” do ano com acumulo de quase 2% de desvalorização.
A queda de hoje, a segunda consecutiva, foi influenciada pelo relatório de emprego nos Estados Unidos, que mostrou um recuo nos salários dos trabalhadores americanos em dezembro, o que reforçou as apostas de que o Federal Reserve, banco central norte-americano, vai ser “paciente” para elevar os juros, conforme noticiou a Agência Reuters.
Ao término da sessão, a moeda norte-americana estava cotada a R$ 2,639 na venda, recuo de 1,25%. Na mínima do dia, a moeda chegou atingir R$ 2,6270. Segundo dados da BM&F, o movimento financeiro ficou em torno de US$ 2 bilhões.
Com isso, a divisa fechou a primeira semana do ano, com cinco dias corridos de negociações, em queda de 1,99%. No mês, há queda acumulada de 0,74%.
A queda de 0,2% do salário médio por hora trabalhada dos americanos acabou ofuscando o recuo da taxa de desemprego nos Estados Unidos que passou de 5,8% para 5,6% em dezembro. No mês passado, foram criadas 252 mil postos de trabalho em dezembro, acima da expectativa dos analistas, que era de 240 vagas, de acordo com a Agência Valor Online.
O número reforçou a perspectiva de que o Federal reserve pretende ser “paciente” ao elevar os juros, como prometeu em seu último comunicado de política monetária.
De acordo com a Reuters, o banco central norte-americano tem mantido a taxa básica de juros perto de zero desde dezembro de 2008. E, ao elevar as taxas, poderia atrair recursos para os EUA que hoje estão em outros mercados, como o brasileiro, afetando o fluxo cambial.
Essa percepção foi reforçada por declarações do presidente do Fed de Chicago, Charles Evans, que reiterou que a inflação está muito baixa e que a alta dos juros deveria acontecer só no ano que vem. Segundo ele, o Fed teria de ver os salários crescerem mais para cumprir sua meta de inflação.
A queda do dólar no mercado local foi mais acentuada por operações de stop loss (limite de perdas) de investidores que estavam com posições compradas na moeda americana, principalmente os estrangeiros, que mantinham na quinta-feira uma posição líquida comprada em dólar de US$ 30,605 bilhões.
Segundo a Reuters, os investidores também seguiram atentos às perspectivas para a política fiscal brasileira, porque querem ver mais medidas concretas que garantam o cumprimento da meta de superávit primário equivalente a 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano.
As medidas adotadas até agora pelo governo têm agradado os mercados, que vinham criticando a condução da política fiscal em meio ao quadro de inflação alta e crescimento baixo. Mas operadores consideravam a meta fiscal difícil.
Entretanto, o Valor Online destaca que houve um alívio da preocupação com a deterioração do quadro fiscal, após a sinalização do governo que seguirá com corte de gastos e aumento de impostos para cumprir o superávit primário, ajudou a reduziu a pressão sobre o câmbio, que passou a acompanhar mais os movimentos no mercado externo nesta semana.
A correção no preço do dólar no Brasil nesta semana, no entanto, não altera as perspectivas de alta do dólar frente ao o real. Em relatório, o Goldman Sachs diz que o câmbio mais depreciado é elemento “essencial” no processo de reequilíbrio da conta corrente brasileira. O banco americano prevê de forma geral mais desvalorização cambial no mundo emergente, tanto pela continuidade de ajustes nesses países quanto pelo fortalecimento global do dólar.
Também em relatório, o HSBC estima que o dólar terminará este ano em R$ 3,00, o que implica uma valorização adicional da moeda americana de 13,07%. Num cenário em que o ajuste nas contas públicas será, no curto prazo, um elemento a pesar sobre a economia, o banco britânico vê o real tendo um desempenho pior que seus pares. “Nossa visão implica que a economia precisa de uma taxa de câmbio ainda mais fraca”, afirmam Marjorie Hernandez e Clyde Wardle.
Atuações do Banco Central no câmbio
Nesta manhã, o Banco Central vendeu a oferta total de até 2 mil swaps cambiais, que equivalem a venda futura de dólares, pelas atuações diárias. Foram vendidos 1 mil contratos para 1º de setembro e 1 mil para 1º de dezembro, com volume correspondente a US$ 98,4 milhões.
O BC também vendeu a oferta integral de até 10 mil swaps para rolagem dos contratos que vencem em 2 de fevereiro, equivalentes a US$ 10,405 bilhões. Ao todo, a autoridade monetária já rolou cerca de 28% do lote total.
*As cotações são da Agência Thomson Reuters
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