Embaixador japonês deixa Seul em protesto contra estátua controversa

A escultura é a segunda do tipo colocada em frente a missões diplomáticas do Japão na Coreia do Sul.
Estatua colocada em frente ao consulado japones em Busan Foto Lee Seong jin Asahi
Estátua colocada em frente ao consulado japonês em Busan (Foto: Lee Seong-jin/Asahi)

O embaixador do Japão na Coreia do Sul, Yasumasa Nagamine, retornou nesta segunda-feira (9) a Tóquio procedente de Seul, após o governo japonês convocá-lo de forma temporária, juntamente com outro diplomata, em sinal de protesto contra a instalação de uma controversa estátua em frente à representação diplomática do país em Busan.

A estátua em questão simboliza as chamadas mulheres, vítimas de abusos sexuais cometidos pelas tropas japonesas no decorrer das décadas de 1930 até 1945, no final da Segunda Guerra Mundial.

Como resultado do forte desencontro diplomático entre os dois países vizinhos, o cônsul geral do Japão em Busan, Yasuhiro Morimoto, também deixou hoje a Coreia do Sul. Ambos podem ficar no Japão por cerca de uma semana, segundo fontes diplomáticas citadas pela agência “Kyodo”.

Na manhã desta segunda-feira, em um aeroporto da capital sul-coreana, Nagamine declarou a repórteres que “é extremamente lamentável que a estátua tenha sido colocada diante do prédio”, de acordo com a emissora pública ‘NHK’.

O governo japonês decidiu convocar seu embaixador em Seul para consultas na sexta-feira passada em protesto pela instalação da polêmica estátua na semana anterior por um organização civil, após a aprovação do governo local.

Ainda de acordo com a ‘NHK’, o embaixador afirmou que vai discutir a questão com as autoridades competentes após chegar ao Japão.

Tóquio tem exortado Seul a retirar a estátua, alegando que ela infringe um acordo bilateral firmado em 2015. Segundo o acordo, os países resolveriam a questão das mulheres de conforto em caráter final e irreversível.

Por sua vez, as autoridades sul-coreanas mantêm à sua posição de implementar firmemente o acordo. No entanto, a influência do governo da presidente Park Geun-hye vem diminuindo devido ao seu afastamento do cargo por conta de um escândalo de corrupção.

Outra estátua semelhante encontra-se instalada em frente à Embaixada do Japão em Seul. As autoridades não anunciaram nenhuma medida concreta para lidar com a questão das estátuas, pois temem que a opinião pública sul-coreana reaja negativamente, caso haja tentativas de retirada da nova estátua em Busan.

A escultura, a segunda deste tipo colocada em frente a missões diplomáticas do Japão na Coreia do Sul, representa uma menina descalça vestida com traje tradicional sul-coreano, e simboliza as vítimas de abusos sexuais cometidos pelo então exercito imperial japonês.

Calcula-se que cerca de 200 mil meninas e adolescentes – a maioria coreanas – foram vítimas desses abusos desde a década de 1930 e, sobretudo, no final da Segunda Guerra Mundial.

O conflito das escravas sexuais, chamadas eufemísticamente de “mulheres de conforto”, tem provocado frequentes atritos nas últimas décadas entre Coreia do Sul e Japão, e se transformou no principal empecilho em suas relações bilaterais.

O acordo assinado pelos dois países em 2015, que visava liquidar a questão por completo, contempla as desculpas oficiais do Japão e uma compensação econômica de 1 bilhão de ienes (R$ 27,49 milhões) para restaurar “a honra e a dignidade” das vítimas.

“O montante deve ser gasto em tratamentos médicos e assistenciais para as mulheres que estão envelhecendo”, declarou o ministro das Relações Exteriores do Japão, Fumio Kishida, no final de julho do ano passado, acrescentando que, com o desembolso dos fundos, “o Japão teria cumprido suas obrigações estabelecidas no acordo bilateral”.

Agora, a instalação da segunda estátua responde ao protesto de certas organizações de apoio às vítimas, que se opuseram ao acordo por considerá-lo insuficiente.

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