Japão está em primeiro lugar em expectativa média de vida, enquanto a taxa de natalidade é negativa desde 2010, à medida que a proporção de idosos cresce e se estabelece como a mais populosa do mundo. De acordo com o último senso do governo japonês, a população do país está situada em pouco mais de 126 milhões e, segundo o próprio governo, este número reduzirá para 88 milhões daqui a 50 anos, ou seja, a população japonesa sofrerá descenso de 38 milhões em cerca de cinco décadas.
O censo referente a 2016 mostra dados alarmantes sobre a população japonesa. Em 2010, os japoneses representavam 1,84% da população mundial. Atualmente, esse proporção caiu para pouco mais de 1%.
Em 2016, o país registrou 981 mil nascimentos. Trata-se da primeira vez desde 1899, quando Japão iniciou a coleta de dados demográficos, o número de nascimentos ficou abaixo de um milhão.
Enquanto isso, o número de mortes atingiu o valor histórico de 1.296.000. Já a taxa de natalidade situou-se em 1,41 crianças por mulher/mãe. O valor é inferior a taxa mínima de 2,07 que permite a renovação geracional.
Para completar, os dados mostram ainda que mais de um quarto da população do país tem mais de 65 anos. Japão é o país onde as pessoas vivem mais, com expectativa média de 83,6 anos.
A taxa de natalidade começou a cair nos anos de 1970, quando o número de crianças era de 2,2 por família. Na década de 1980, este número estava já abaixo de 2,07 crianças/mulher.
Para nível de comparação, o número de crianças por família no Japão era de 4,27 na década de 40.
As causas para o significativo declínio da taxa de natalidade é explicada e enumerada por Shigeki Matsuda, professor de Sociologia da Universidade de Chukyo, em Nagoia. O estudo do professor Matsuda foi publicado em abril passado no Child Research Net, site japonês especializado em estudo populacional.
Segundo o estudo do professor, entre as principais causas estão:
1 Crescente presença das mulheres no mercado de trabalho, mas que não têm apoio para conjugarem a dupla função de mãe e profissional.
2 Ausência de apoio oficiais de governos locais, bem como falta de incentivo ao casamento e, consequentemente, a natalidade.
3 Custo financeiro para criar e educar uma criança, que no Japão é grande
4 Carga física e psicológica de ser progenitor em um país onde a cobrança é grande como parte cultural
5 Ausência ou insuficiência de rendimento por conta da desvalorização salarial
6 Deterioração dos conceitos de casamento e da função parental nos dias atuais.
7 Número cada vez maior de “solteiros parasitas”, isto é, pessoas que não querem assumir compromissos pessoais e sociais.
Este panorama levou o governo do primeiro-ministro Shinzo Abe a estabelecer como prioridade o combate ao declínio demográfico, estabelecendo como meta para os próximos 50 anos uma população na ordem dos cem milhões.
Contudo, esta meta não irá alterar a tradicional política de concessão de vistos para residência permanente de estrangeiros, à exceção de mão-de-obra qualificada.
No passado, foram criados incentivos para atrair mão-de-obra estrangeira, designadamente de países do Sudeste Asiático. Porém, durante a crise de 2007-2008, muitos deles viram-se forçados a deixar o país.
Hoje, parte do esforço é para atrair mão-de-obra feminina estrangeira para as tarefas domésticas, com o objetivo de levar um maior número de japonesas a integrar a força de trabalho. Mas se não forem criados incentivos adequados, como nota Matsuda, isto só irá acentuar o declínio demográfico.
O Japão sempre se mostrou contrário a políticas de acolhimento a estrangeiros, com o argumento de que podem causar perturbações sociais ou influenciar negativamente a identidade nacional. O número de estrangeiros no Japão é hoje em torno de um milhão, um terço são etnicamente chineses. A maioria está empregada na indústria, em fábricas e nos setores hoteleiros.
Uma pesquisa divulgada em fevereiro pela agência ‘Bloomberg’ revelava que 86% das empresas reconheceram ter tido dificuldades em preencher todas as vagas existentes em 2016, o valor mais elevado a nível internacional.
A taxa de desemprego no Japão é uma das mais baixas do mundo, com 3,1% no ano passado. O crescimento econômico foi de 0,5% na 1ª metade de 2016 e de 0,3% no 2º semestre. A população ativa situou-se em 60 milhões em janeiro de 2017.
Perante a recessão demográfica, as empresas recorrem cada vez mais a autômatos. Mas, segundo Matsuda, “há vários setores em que as máquinas jamais conseguirão substituir um ser humano de forma totalmente satisfatória”.
Fontes: Agência Kyodo | Jornal DN.
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