O Ministério da Defesa do Japão afirmou nesta quinta-feira (10) que cogita derrubar mísseis da Coreia do Norte, em favor dos Estados Unidos, caso o regime de Kim Jong-un realmente cumpra com a ameaça de atacar Guam, território dos EUA no Pacífico e que abriga bases militares norte-americanas.
A declaração foi proferida pelo ministro japonês da Defesa, Itsunori Onodera, durante uma sessão no Parlamento Japonês esta manhã.
Onodera explicou que ataque a um território dos Estados Unidos, principal aliado do Japão, será tratado como uma emergência nacional japonesa, isso porque ameaçaria a existência como Japão como uma Nação.
Segundo ele, no caso de um ataque, o Japão poderá exercer o chamado “direito de autodefesa coletiva”, que permite ao país usar suas forças militares no exterior, direito que lhe foi tomado desde o fim da Segunda Guerra Mundial.
Nesse sentido, o país poderá ativar seu sistema antimísseis instalado em terra e, principalmente, em navios que estão estrategicamente posicionados no entorno do arquipélago japonês.
Direito do Japão a autodefesa coletiva
No ano passado, o governo do primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, realizou uma reforma militar, na qual adicionou uma emenda que permite ao país o uso militar no exterior.
Contudo, o objetivo de Abe é derrubar o artigo 9 da até então considerada Constituição pacifista do país. Sob esse artigo, que foi implementado pelos aliados após o fim da Segunda Guerra Mundial, o Japão renunciou para sempre o direito de declarar guerra e baniu o uso das Forças Armadas no exterior, embora sucessivos governos tenham interpretado que o artigo permite uma força exclusivamente para autodefesa.
Apesar de a nova legislação permitir o país usar seu poderio militar no exterior, Abe quer mais. Em junho passado, o premiê japonês mencionou publicamente uma data para a reforma na Constituição.
Em declaração gravada em vídeo e exibida em rede nacional no mesmo mês, Abe disse esperar que a primeira mudança na Constituição pacifista do país em 70 anos seja decretada até 2020, e que a alteração defina claramente o status das Forças de Autodefesa.
Essa atitude foi mal recebida pelo governo de Pequim, distanciando cada vez mais as relações bilatérias entre os países vizinhos, repletas de conflitos históricos e de disputas territoriais.
Fontes: Agência Kyodo | Estadão Conteúdo.
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