Do Mundo-Nipo com Agências
O dólar avançou mais de 1% sobre o real nesta quinta-feira (10) e fechou acima de R$ 3,85, influenciado pelo anúncio da agência de classificação de risco Standard & Poor’s, que rebaixou a nota de crédito do Brasil. Na máxima do dia, a moeda americana chegou a tocar o nível de R$ 3,91, a forte alta, no entanto, foi contida após a intervenção do Banco Central (BC) e a percepção de que a Fitch, outra importante agência de risco, deve manter por enquanto o grau de investimento do país.
No fim da sessão, a dólar terminou com avanço de 1,34%, cotado a R$ 3,8504 na venda, após saltar 3,1% e alcançar R$ 3,9173 na máxima do dia, maior nível intradia desde 23 de outubro de 2002 (R$ 3,92).
Na quarta-feira (09), a S&P rebaixou o rating soberano do Brasil, de “BBB-” para “BB+” (primeiro nível do grau especulativo). Investidores já esperavam que o Brasil fosse perder o “selo de bom pagador”, mas causou surpresa o anúncio da decisão ter vindo mais cedo que o esperado pelo mercado e, principalmente, o fato de a agência ter mantido a perspectiva negativa para o país.
Com o resultado, o dólar acumula alta de 6,10% só em setembro. No ano, a valorização é de 44,71% frente à divisa brasileira.
As atenções agora se voltam para o movimento de outras duas grandes agências globais de risco – Moody’s e Fitch -, que também têm alertado sobre os problemas no Brasil.
Com o rebaixamento da nota de crédito do Brasil para grau especulativo, aliado a perspectiva de dificuldade do governo em fazer um ajuste fiscal necessário para estabilizar a dívida pública bruta, o país começa a perder atratividade para outros mercados emergentes, inclusive para Rússia, que também perdeu o selo de bom pagador.
“Eu acho que em termos de política fiscal e de liquidez do setor público, investir na Rússia é mais seguro que investir no Brasil”, disse a chefe de estratégia de emergentes e de estratégia global de moedas do RBC Capital Markets, Daniel Tenengauzer, à agência “Valor Online”.
A própria Standard & Poor’s, em teleconferência com os investidores nesta quinta-feira, destacou que há países de mesma classificação de risco com posição externa e fiscal mais fortes que o Brasil.
A S&P afirmou ainda que se a trajetória fiscal piorar vai considerar um novo “downgrade”, mas pode revisar perspectiva do rating soberano do Brasil de negativa para estável, caso haja uma acomodação nas pressões políticas.
Tenengauzer vê espaço para uma alta maior do dólar frente ao real. “Estávamos prevendo um pico do câmbio de R$ 4,10 a R$ 4,20, esperando a perda do grau de investimento só no ano que vem. Como isso foi antecipado, devemos ver o dólar alcançar esse patamar nos próximos dias”, diz.
O Brown Brothers Harriman destacou que o real enfrenta uma tempestade perfeita, tanto do lado externo, com os recentes eventos na China e expectativa de alta de juros nos Estados Unidos, quanto no mercado interno. “Isso não deve mudar tão cedo, e então olhamos para a continuação do fraco desempenho do real”, aponta o banco em relatório. Como os mercados emergentes devem continuar sob pressão, o banco prevê que o patamar do dólar de R$ 4, alcançado em 2002, seja atingido em breve, mas devido a probabilidade de um “overshooting”, o banco não descarta a possibilidade de o câmbio negociar a R$ 4,50 nos próximos três a seis meses.
Para tentar conter a forte alta do dólar, o Banco Central realizou nesta quinta-feira mais um leilão extraordinário de venda de linha de dólar com compromisso de recompra. A autoridade monetária ofertou US$ 1,5 bilhão para recompra em 4 de janeiro e 4 de abril de 2016. Na terça-feira, a autoridade monetária já havia ofertado US$ 3 bilhões por meio de leilão de linha de dólar.
O BC ainda renovou 9.450 contratos de swap cambial (equivalentes à venda futura de dólares) do lote de US$ 9,458 bilhões que vence em outubro, cuja operação somou US$ 449,4 milhões.
A autoridade monetária também deu continuidade à rolagem dos swaps cambiais (equivalentes à venda futura de dólares) que vencem em outubro, vendendo a oferta total de até 9.450 contratos, cuja operação somou US$ 449,4 milhões.
Ao todo, o BC já rolou o correspondente a US$ 3,181 bilhões, ou cerca de 33% do total de US$ 9,458 bilhões. Se continuar neste ritmo, vai recolocar todo o lote até o fim deste mês.
(Com informações da Agências Valor Online)
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