Em um relatório revelado nesta segunda-feira (12), o Ministério de Finanças do Japão reconheceu que falsificou documentos relacionados a um caso de ajuda financeira e administrativa a uma empresa, um escândalo que teria a participação do primeiro-ministro do país, Shinzo Abe, e a primeira-dama, Akie Abe.
Os documentos de uma investigação interna revelados nesta segunda-feira mostram os registros falsificados de um acordo firmado em 2016 para vender um terreno de propriedade do governo em Osaka, no oeste do país, a Moritomo Gakuen, uma instituição de educação que promove ideias ultranacionalistas e tem vínculos com a esposa do primeiro-ministro, Akie Abe.
Segundo a investigação, 14 documentos foram posteriormente editados pelo Ministério de Finanças após a revelação do escândalo e apresentados como prova no parlamento local como prova de que o governo não tinha envolvimento no caso.
O nome de Akie Abe teria sido eliminado dos documentos originais, de acordo com um membro do partido do próprio Abe.
O relatório da investigação foi repassado para vários veículos da imprensa local, como a agência “Kyodo” e emissora pública “NHK”.
A esposa do primeiro-ministro seria nomeada diretora honorária da creche que seria construída em Osaka pela Moritomo Gakuen, mas a ideia foi descartada quando o escândalo foi revelado em 2017.
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O presidente da Moritomo Gakuen afirmou, além disso, ter recebido uma doação pessoal do primeiro-ministro através da esposa. Abe nega.
O caso derrubou a popularidade do premiê, apesar de o escândalo ter permanecido em segundo plano por causa da ameaça nuclear da Coreia do Norte. No entanto, a nova descoberta coloca o foco das investigações sobre o ministro de Finanças, Tarso Aro.
Em um breve pronunciamento à imprensa, Aro, que também é vice-primeiro-ministro do país, classificou os fatos como “extremamente graves” e afirmou que o Ministério de Finanças cooperará plenamente para esclarecer o caso.
Ao ser perguntado se planeja renunciar para assumir a responsabilidade pelo escândalo, Aro desconversou.
“O Ministério de Finanças deve fazer tudo o possível para investigar e esclarecer o caso”, disse em entrevista coletiva o ministro porta-voz do governo do Japão, Yoshihide Suga.
A falsificação já provocou a renúncia do diretor da Agência Tributária, Nobuhisa Sagawa, na sexta-feira. Na época da operação, ele era responsável pela venda de terrenos do governo.
O governo do Japão nega qualquer tratamento especial a Moritomo Gakuen e disse que o desconto concedido na venda do terreno ocorreu devido a uma falha no cálculo do preço. A oposição afirma que a ligação da esposa de Abe com a instituição motivou a operação.
Abe prometeu renunciar ao cargo de primeiro-ministro se sua participação ou de sua esposa no caso forem provadas.
Da Agência EFE.
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