O primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, pediu ao novo presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, que “assegure de maneira firme” um acordo anteriormente estabelecido para resolver a questão das chamadas “mulheres de conforto”, vítimas de abusos sexuais cometidos pelas tropas japonesas durante o período de guerra.
Na quinta-feira (12), Abe falou com Moon pela primeira vez desde sua posse, ocorrida no dia anterior. A conversa por telefone durou cerca de 25 minutos.
O premiê japonês declarou que a questão do “programa nuclear da Coreia do Norte é uma ameaça séria e representa um grande desafio a ser resolvido”. Abe pediu por uma cooperação próxima para alcançar a desnuclearização do regime liderado pelo ditador Kim Jong-un.
Segundo Abe, “Pyongyang precisa demonstrar vontade sincera e ações concretas para por fim ao seu programa nuclear como forma de manter a paz e estabilidade da região e, conseqüentemente, do mundo”.
O presidente sul-coreano, por sua vez, disse compartilhar tal ponto de vista e concordou em cooperar de maneira próxima para a resolução do problema.
Referindo-se ao acordo de 2015 sobre a questão das mulheres de conforto, Abe disse que se trata de uma promessa entre os dois países e que foi elogiado pela comunidade internacional. Afirmou ainda que ele precisa ser implementado de forma responsável.
O acordo bilateral firmado em 2015 declara que “Japão e Coreia do Sul resolveriam a questão das mulheres de conforto em caráter final e irreversível”.
Contudo, Moon disse que o acordo provocou respostas negativas dentro de seu país. Disse também que tais questões históricas precisam ser resolvidas sabiamente para construir relações voltadas ao futuro. Anteriormente, o presidente havia mencionado intenção de renegociar o acordo.
Os dois líderes concordaram em se esforçar para a realização de uma reunião de cúpula entre Tóquio, Pequim e Seul em um futuro próximo no Japão, além de um encontro entre Abe e Moon.
Mulheres de conforto
Mulheres de conforto é o nome que a imprensa internacional se refere às vítimas de abusos sexuais cometidos pelas tropas japonesas no decorrer das décadas de 1930 até 1945, no final da Segunda Guerra Mundial.
Calcula-se que cerca de 200 mil meninas e adolescentes – a maioria coreanas – foram vítimas desses abusos desde a década de 1930 e, sobretudo, no final da Segunda Guerra Mundial.
O conflito das escravas sexuais, chamadas eufemísticamente de “mulheres de conforto”, tem provocado frequentes atritos nas últimas décadas entre Coreia do Sul e Japão, e se transformou no principal empecilho em suas relações bilaterais.
O acordo assinado pelos dois países em 2015, que visava liquidar a questão por completo, contempla as desculpas oficiais do Japão e uma compensação econômica de 1 bilhão de ienes (R$ 27,49 milhões) para restaurar “a honra e a dignidade” das vítimas.
“O montante deve ser gasto em tratamentos médicos e assistenciais para as mulheres que estão envelhecendo”, declarou o ministro das Relações Exteriores do Japão, Fumio Kishida, no final de julho do ano passado, acrescentando que, com o desembolso dos fundos, “o Japão teria cumprido suas obrigações estabelecidas no acordo bilateral”.
Fontes: Canal NHK World | Agência Kyodo.
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