Uma pesquisa feita pela Nippon Foundation (NF) revelou que um em cada quatro japoneses já considerou cometer suicídio, enquanto um em cada cinco teve alguém próximo, amigo ou parente, que tirou a própria vida.
Denominado “Pesquisa de Conscientização sobre Suicídio”, o estudo, que é o primeiro do seu tipo já realizado no Japão, entrevistou 40.000 pessoas nas 47 províncias existentes no país.
Em seu texto de divulgação dos dados, publicado na última quinta-feira, a Nippon Foundation explica que realizou o estudo como parte de um plano para cooperar com os órgãos no âmbito nacional e internacional, cujos estudos têm como finalidade prevenir o suicídio.
Embora o governo do país e entidades internacionais compile periodicamente índices sobre suicídios, “o estudo da Nippon Foundation torna-se mais abrangente por avaliar os efeitos e causas, bem como classificar os índices por idade, sexo e regiões”, explica o órgão no texto, acrescentando que é a primeira vez que uma pesquisa aborda o problema em sua totalidade.
A pesquisa mostra que, do total dos 40 mil inquiridos, 25,4% afirmaram já ter considerado, de fato, tirar a própria vida. As mulheres formam o maior grupo, 28,4% do total, enquanto os homens representam 22,6%.
Por idade, a maior porcentagem ficou entre as pessoas com 20 a 30 anos, enquanto aqueles com idade a partir de 65 anos representam o menor índice, o que comprova que a ideia de suicídio é mais latente entre os mais jovens.
Em termos de causa, a pesquisa mostra que problemas de saúde e no lar (familiar) são apontados como principais motivos para considerar o suicídio, representando primeiro e segundo lugares, respectivamente, enquanto preocupação financeira é a terceira causa e mais latente entre os homens.
Por gênero em termos de causa, problemas relacionados ao trabalho é o principal motivo para os homens, enquanto questões relativas a relacionamentos (conjugal ou namoro) são as principais causas entre as mulheres.
No entanto, o que mais surpreende na pesquisa é a estatística de suicídios cometidos por pessoas próximas, na qual revela que uma em cada cinco pessoas no Japão conheceu alguém que tirou a própria vida, o que inclui familiares, cônjuges, amigos, colegas de trabalho, entre outros tipos de pessoas próximas.
De acordo com o texto introdutório da pesquisa, o número de suicídios no Japão totalizou 24.025 no ano passado. A partir de 1998, o país viu o índice superar os 30.000 anualmente, apresentando descenso somente a partir de 2010, “após alertas de órgãos internacionais, como a Organização Mundial da Saúde (OMS), para que o Executivo japonês tomasse providências”, diz a NP.
O órgão explica que, apesar do gradativo descenso, “o Japão ainda se destaca como tendo a maior taxa de suicídio entre as sete nações industrializadas que formam o grupo G7”. A NP cita ainda o recente relatório “Banco de Dados de Mortalidade”, da OMS, no qual aponta o Japão como o único país do G7 em que o índice de suicídio é o maior entre os jovens, de 15 a 39 anos.
A NP também cita um levantamento em nível nacional realizado pelo governo japonês em 2015. De acordo com os dados, 535.000 pessoas (projetado em toda a população do Japão) tentaram ou consideram o suicídio no último ano. Desse total, as mulheres representam a maioria, somando 271.000, enquanto os homens totalizam 264.000.
A pesquisa do governo citou abusos, violência no lar, dificuldades financeiras e vícios (álcool, drogas e jogos de azar) como principais motivos.
Embora medidas de âmbito nacional para a prevenção do suicídio estejam colaborando para a redução do índice, os dados da Nippon Foundation e da OMS mostram que ainda é preciso fazer muito mais.
O presidente da Nippon Foundation, Yohei Sasakawa, espera que o levantamento ajude a detectar “causas e efeitos do problema”, para assim “contribuir com mais eficácia na tomada de medidas para a prevenção do suicídio em todas as áreas do Japão”.
“Existem muitas pessoas carregando o sentimento de morte no coração. Como um bem social, precisamos criar um sistema para lidar com o problema”, acrescentou Sasakawa.
Realizada entre os dias 02 e 09 de agosto de 2016, a pesquisa da Nippon Foundation abrangeu todo o território japonês e examinou todas as faixas etárias, inclusive crianças.
*Maiores informações sobre o estudo podem ser conferidas no site da Nippon Foundation (em japonês).
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