Depois de cair quase 1% na véspera, o dólar subiu mais de 2% e fechou acima de R$ 3,31 nesta terça-feira (13), com mercado local refletindo o movimento global de aversão a risco após recuo do preço do petróleo e de outros fatores externos.
A moeda norte-americana saltou 2,08%, cotada a R$ 3,3168 na venda, maior valor de fechamento desde 7 de julho, quando encerrou a R$ 3,3659, segundo a agência de notícias ‘Reuters’.
Como resultado, o dólar acumula alta de 1,12% na semana e valorização de 2,71% no mês. No ano, no entanto, a moeda acumula queda de 15,99%.
Segirdo com a agência ‘Velor Online’, o recuo do preço do petróleo, após relatório da Agência Internacional de Energia (AIE) mostrando uma queda na demanda pela commodity no terceiro trimestre, reforçou a cautela do mercado em um ambiente de incerteza sobre a política monetária nos Estados Unidos e no Japão, que tem levado a um aumento da procura por ativos considerados seguros como os Treasuries.
O dólar acelerou a alta frente ao real com o discurso de um membro do comitê executivo do Banco Central Europeu (BCE), Sabine Lautenschlaeger, que afirmou que não vê razão para mudar o desenho do programa de compra de ativos, embora tenha reforçado que o BCE não chegou a um limite mínimo para os juros, que já estão em terreno negativo. Segundo o ‘Valor’, na semana passada, o presidente do BCE, Mario Draghi frustrou o mercado ao não sinalizar um aumento imediato do programa de compra de ativos.
Ainda de acordo com o ‘Valor’, investidores esperavam mais estímulos por parte do BoJ e do BCE, cujos programas de compra de ativos têm ajudado a manter a liquidez no mercados e suportado os investimentos em ativos de risco. O temor com uma mudança no programa de compra de ativos do Japão aumentou a cautela nos mercados desde a semana passada.
O movimento no mercado global também foi influenciado pelo discurso da diretora do Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos) Lael Brainard.
Segundo ela, o BC norte-americano precisa ser cauteloso para não remover seus estímulos muito rapidamente por causa da potencial fraqueza no mercado de trabalho e dos riscos de desaceleração econômica no exterior.
O discurso acalmou o mercado, que vinha reforçando na última semana as apostas de aumento dos juros nos EUA na próxima reunião do Banco Central.
Juros mais altos nos EUA poderiam atrair para lá recursos atualmente investidos em países onde os rendimentos são maiores, como no Brasil.
Após o discurso, os investidores aproveitaram a alta do dólar vista mais cedo para realizar lucros. Com a maior oferta da moeda, o preço caiu, destaca o ‘UOL Economia’.
Cenário interno
O governo Michel Temer anunciou nesta terça-feira a concessão ou privatização de 32 projetos nas áreas de energia, aeroportos, rodovias, portos, ferrovias e mineração. A previsão é que 21 desses projetos sejam leiloados em 2017 e, os outros quatro, no primeiro semestre de 2018.
Segundo a ‘Reuters’, o anúncio era aguardado, mas não chegou a influenciar as cotações.
O mercado monitorava também notícias sobre uma possível delação e seus respingos sobre o governo Temer após a cassação do ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha.
Em entrevista após a cassação, Cunha negou que vá fazer delação premiada, mas culpou o governo pela perda de seu mandato.
Ainda de acordo com a ‘Reuters’, o risco-país medido pelo CDS de 5 anos chegou a superar 269 pontos no pior momento do dia, de 254 no fechamento de ontem, o que levou a investidores a buscar segurança no dólar. “Essa alta pressionou o câmbio, da mesma forma que o risco de uma delação ou a divulgação, por Cunha, de dados contra o governo”, comentou o operador de uma corretora nacional.
Atuação do Banco Central no câmbio
Nesta sessão, o Banco Central brasileiro atuou no mercado de câmbio. Ao todo, foram vendidos 10 mil swaps reversos, contratos que equivalem à compra futura de dólares.
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