Dólar cai 1,5% e fecha abaixo de R$ 3 após dados econômicos dos EUA

A tendência de queda do dólar foi observada na maioria dos mercados internacionais.

Do Mundo-Nipo com Agências

O dólar caiu mais de 1,5% ante o real e fechou abaixo do patamar de R$ 3 nesta quinta-feira (14), reagindo à inesperada queda dos preços ao produtor nos Estados Unidos, que voltaram a alimentar a expectativa de que o Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) postergue a elevação da taxa básica de juros na maior economia do mundo, que se encontra próxima de zero desde 2008.

A moeda norte-americana encerrou o dia em baixa de 1,51% e encerrou o dia cotada a R$ 2,9927 na venda. Segundo dados da BM&F, o movimento financeiro ficou em torno de US$ 1,2 bilhão contra cerca de US$ 760 milhões observados na sessão anterior.

“A presidente do Fed [Janet Yellen] já disse que, uma vez iniciado o processo de elevação dos juros, a autoridade na voltará atrás. Sendo assim, ao meu ver, o Fed deve esperar mais um pouco antes de dar esse passo, já que os indicadores que têm sido divulgados nos EUA mostram dados mistos. Um aumento na reunião de junho ou julho é improvável”, analisou João Medeiros, diretor de câmbio da Pionner Corretora.

Uma alta do juro americano deixaria os títulos do Tesouro dos EUA – que são remunerados por essa taxa e considerados de baixíssimo risco – mais atraentes do que aplicações em mercados emergentes, provocando uma saída de recursos dessas economias.

A menor oferta de dólares tenderia a pressionar a cotação da moeda americana para cima, por isso a possibilidade de um aumento mais distante no juro reduz a pressão no mercado cambial nesta quinta.

“Mesmo assim, o mercado já está precificando os juros de dez anos nos EUA com taxa de 2,25%, antecipando o que inevitavelmente vai acontecer mais cedo ou mais tarde”, disse Medeiros. “Os sinais que o Fed tem dado indicam que a alta da taxa deve ficar para a segunda metade do ano”, concluiu.

Nesta quinta-feira, o governo norte-americano informou que o índice de preços ao produtor em abril caiu 0,4¨% em abril, contra estimativas de alta de 0,2%. O dado ofuscou os pedidos de auxílio-desemprego, que caíram de 265 para 264, segundo números ajustados sazonalmente, na comparação entre as semanas encerradas em 2 e 9 de maio, respectivamente.

Na véspera, números fracos sobre o varejo norte-americano em abril já haviam alimentado expectativas de que o Fed deverá postergar o aumento de juros no país.

“A economia dos EUA teve um início decepcionante no segundo trimestre”, escreveram analistas da instituição financeira norte-americana Brown Brothers Harriman (BBH) em nota a clientes. Eles ressaltaram que, embora a taxa de desemprego pareça estar caindo mais rapidamente do que o esperado, o Fed “provavelmente se verá na difícil posição de ter de reduzir suas projeções de crescimento para o ano na reunião de junho”.

Nesse contexto, o dólar recuava em escala global, apesar da volatilidade observada nos mercados mundiais de títulos soberanos. Os rendimentos dos juros dos papéis dos Estados Unidos e da Alemanha vêm subindo com força recentemente, o que tende a diminuir a atratividade de ativos de países como o Brasil.

Investidores têm afirmado que o dólar deve mostrar dificuldade para se sustentar abaixo de R$ 3. Pouco após a divisa romper esse patamar pela última vez, o Banco Central brasileiro sinalizou que deve rolar apenas parcialmente os swaps cambiais que vencem em junho, levando alguns agentes econômicos a apostar que a autoridade monetária aproveitará o alívio no câmbio para diminuir sua posição em swaps.

A sequência de queda do dólar, segundo Tarcísio Rodrigues, diretor de câmbio do Banco Paulista, pode motivar novas alterações no volume de intervenção do Banco Central no câmbio. “Se a moeda americana cair para muito menos de R$ 3, o BC deve reduzir suas atuações, como fez no início deste mês”, disse. “A autoridade [Banco Central] já mostrou que esse patamar é confortável tanto para as exportações quanto para a inflação no país”.

Nesta quinta-feira, o Banco Central rolou para 2016 os vencimentos de 8,1 mil contratos que estavam previstos para o início de junho, em um leilão que movimentou US$ 394,3 milhões. A operação é equivalente à venda futura de dólares.

Se mantiver esse ritmo até o final de maior, o BC rolará apenas 80% do lote total de swap com vencmento no início do próximo mês, que corresponde a US$ 9,656 bilhões.

(Com informações da Agências Reuters e da Folha de S.Paulo)

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