Depois de tumultuados 16 anos no Japão, um mercado reconhecidamente difícil para o setor de grandes varejistas, a norte-americana Walmart está explorando a venda de sua rede de supermercados Seiyu, segundo fontes ligadas ao assunto, conforme informou o Financial Times, de Tóquio.
A varejista Walmart tem consultado bancos sobre uma possível venda de sua operação no Japão. O processo formal, no entanto, ainda não foi lançado e a expectativa é que progrida lentamente, disse uma das fontes na sexta-feira (13).
A venda potencial no Japão faz parte de uma mudança de estratégia do Walmart. Em junho, a varejista se desfez do controle de suas operações no Brasil, e fundiu a Asda, seu negócio no Reino Unido, com a J.Sainsbury, sua maior rival em abril.
Na Ásia, o Walmart recentemente divulgou planos de comprar uma fatia de USS 16 bilhões na Flipkart, da Índia – um campo de batalha fundamental contra a Amazon no comércio eletrônico.
Embora o Walmart ainda precise indicar quais bancos vão administrar a operação, a possibilidade de venda do Seiyu foi amplamente discutida entre executivos de bancos e possíveis compradores. A relativa falta de ativos desse tamanho à venda no país alimentou expectativas de que o mais provável comprador seria alguma das cada vez mais numerosas empresas de private equity, internacionais e domésticas, atentas ao Japão como alvo para aquisições.
Fontes próximas a uma das maiores empresas especializadas em aquisições do mundo disseram que é “inevitável” que os grupos de private equity estejam interessados no Seiyu, mas que os obstáculos para realmente comprarem a rede podem se mostrar grandes demais.
Caso o Walmart realmente saia do mercado japonês, a maior varejista de lojas físicas do mundo estará seguindo os passos de outras redes estrangeiras, como Tesco e Carrefour, que deixaram o país depois de não conseguir encontrar a estratégia certa para atrair os consumidores japoneses.
O mercado japonês tem uma concorrência feroz. É altamente fragmentado e pouco lucrativo. Segundo a empresa de análises de mercado Euromonitor, o faturamento dos grandes supermercados do Japão encolheu 6% entre 2013 e 2017, quando o movimento foi de 6,7 trilhões de ienes (USS 59 bilhões).
O Walmart tem vivido uma história da altos e baixos no Japão desde 2002, quando comprou sua primeira participação no Seiyu. A varejista americana encontrou problemas para aumentar a margem de lucro da rede japonesa, que apresentou prejuízos por sete anos seguidos até se tornar uma subsidiária integralmente pertencente ao Walmart em 2008.
A empresa americana obtém cerca de 25% de suas vendas anuais, de quase USS 500 bilhões, fora dos Estados Unidos.
Mundo-Nipo
Fontes: Financial Times, de Tóquio / Tradução de Sabino Ahumada / Valor Online