O governo do Japão elaborou um projeto de lei para reconhecer oficialmente a minoria étnica Ainu como um povo indígena do país, uma iniciativa que ocorre, pela primeira vez, em meio à antiga e notória indiscriminação étnica japonesa contra essa “tribo” que vive, em sua maioria, na ilha de Hokkaido, no extremo norte do arquipélago.
O projeto, endossado na sexta-feira durante uma reunião do gabinete do governo japonês, estipula legalmente, pela primeira vez, que o povo Ainu é indígena e pede a criação de uma sociedade em que eles possam ter orgulho de seu legado.
O projeto inclui o estabelecimento de um programa de subsídios para a revitalização regional, que visa ajudar governos locais na implementação de projetos de promoção da cultura Ainu.
O projeto pede também que haja uma desregulação para facilitar a coleta de lenha pelo povo Ainu em florestas de propriedade estatal e a pesca de salmão em rios da região, como parte de esforços para ajudar a etnia a conservar suas tradições culturais.
O governo japonês pretende apresentar o projeto de lei ao Parlamento durante a atual sessão, com o objetivo de conseguir que a lei seja promulgada o quanto antes.
Yoshihide Suga, ministros porta-voz do governo e secretário-chefe do gabinete, disse ser necessário assegurar a dignidade do povo Ainu se o Japão quiser ser uma sociedade vibrante que respeita diversos valores.
O chefe da Associação Ainu de Hokkaido, Tadashi Kato, elogiou a legislação proposta como um primeiro passo para a coexistência harmoniosa de seu povo com outros japoneses, mas observou que o projeto não incorpora medidas para elevar o padrão de vida do povo Ainu. Ele acrescentou que o projeto corresponde a 70% de sua expectativa.
Os Ainu – muitos deles vivem em Hokkaido (norte) – sofreram durante muito tempo os efeitos de uma política de assimilação forçada. Apesar de uma queda na discriminação, a brecha entre esta comunidade e o restante do Japão em termos de educação e salários persiste.
MN – Mundo-Nipo
Fonte: NHK News.
Descubra mais sobre Mundo-Nipo
Assine para receber nossas notícias mais recentes por e-mail.