Do Mundo-Nipo com Agências
O dólar fechou em alta de mais de 1% frente ao real nesta terça-feira (15), devolvendo boa parte da queda verificada na sessão anterior, com investidores preocupados com a perspectiva de que o governo terá dificuldade em obter a aprovação do Congresso para aprovar as medidas do pacote fiscal anunciado ontem.
A moeda norte-americana encerrou o dia cotada a R$ 3,8626 na venda, alta de 1,28%, revertendo boa parte da queda na véspera, de 1,63%, quando o mercado reagiu bem às medidas fiscais anunciadas pelo governo.
Na semana, o dólar acumula queda de 0,37%. No mês e no ano, há alta acumulada de 6,49% e 45,28%, respectivamente.
No mercado externo, a moeda americana caía 0,18% em relação ao dólar australiano, 0,92% frente à lira turca e 0,16% em relação ao rand sul-africano.
Investidores mantiveram cautela diante da proximidade da reunião do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA). As turbulências financeiras recentes originadas por temores de desaceleração da China lançaram dúvidas sobre a perspectiva de início do aperto monetário nos Estados Unidos, que pode atrair recursos aplicados atualmente em países emergentes, como o Brasil.
“Após seis anos de recuperação, nossos economistas para os EUA veem probabilidade de 60% de que o próximo ciclo monetário nos EUA comece nesta semana”, escreveu o estrategista do UBS, em nota a clientes, Geoff Dennis, citando o mercado brasileiro entre os mais vulneráveis, conforme noticiou a agência “Reuters”.
Operadores, no entanto, atribuem uma chance menor de que isso se confirme. Após a divulgação de dados fortes sobre as vendas no varejo norte-americano, os contratos futuros de taxas de juros dos EUA passaram a apontar chance de 27% de que o Fed encerre a política de juros quase zerados na quinta-feira, contra 23% na segunda-feira passada, de acordo com o programa FedWatch, da CME Group.
Cenário interno
O movimento do mercado local descolou da recuperação das moedas emergentes no exterior frente ao dólar, impulsionada pela alta dos preços das commodities. O euro subia 0,79% para R$ 4,34894.
Ontem, o governo brasileiro anunciou um pacote de medidas, que incluem o corte de gastos e aumento de impostos, que somam R$ 66,2 bilhões para tentar entregar a meta de superávit primário estabelecida para 2016, de 0,7% do PIB, e cobrir o déficit de R$ 30,5 bilhões previsto no Orçamento para 2016. Boa parte dessas medidas, no entanto, depende da aprovação no Congresso Nacional.
“O pacote fiscal veio tarde demais e não ataca a fundo o corte de pessoal no setor público, nem a questão da Previdência. Além disso, o governo não tem respaldo suficiente para aprovar as medidas, nem mesmo dentro do PT”, afirma Paulo Petrassi, sócio-gestor da Leme Investimentos.
Os investidores ainda acompanharam as declarações do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, durante audiência pública da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado. Tombini reafirmou que a recente desvalorização do câmbio não tem sido fator de desequilíbrios e instabilidades financeiras. Ao contrário, disse que, pela primeira vez desde 2005, o setor externo está contribuindo para o crescimento do PIB. Ele reconheceu, entretanto, que a perda do grau de investimento pela S&P deixou a situação mais desafiadora.
Tombini afirmou que a venda de contratos de swap cambial (equivalentes à venda futura de dólares) oferece proteção cambial aos agentes de mercado com liquidação na moeda doméstica, e que as reservas internacionais permitem mitigar efeitos da normalização monetária nos Estados Unidos.
Atuação do Banco Central no câmbio
Nesta manhã, o BC deu continuidade à rolagem dos swaps cambiais que vencem em outubro, vendendo a oferta total de até 9,45 mil contratos, equivalentes a venda futura de dólares. Ao todo, a autoridade monetária já rolou o equivalente a US$ 4,525 bilhões, ou cerca de 48% do lote total, que corresponde a US$ 9,458 bilhões.
Os leilões de rolagem servem para adiar os vencimentos de contratos que foram vendidos no passado.
(Com informações das Agências Reuters e Valor Online)
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