Justiça adia julgamento de brasileiros acusados de assassinato no Japão

O adiamento ocorreu porque um dos réus estava sem advogado. O julgamento foi remarcado para dezembro.
Tribunal de justica Foto Aflo Images 900 600 atualizado em 10 02 2016
Foto: Aflo Images

A Justiça de São Paulo adiou o julgamento de dois brasileiros acusados de assassinar a tiros um homem e de tentar matar a mulher dele por asfixia no Japão, em um caso ocorrido há 15 anos e envolvendo a máfia japonesa Yakuza como mandante do crime.

Segundo informou o portal de notícias ‘G1’, citando a assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça (TJ) como fonte, o julgamento estava marcado para começar na manhã de quarta-feira (14) no Fórum Criminal da Barra Funda, na Zona Oeste da capital paulista, mas foi adiado pelo juiz Gustavo de Esteves Ferreira.

A acessória explicou que o adiamento ocorreu porque um dos réus estava sem advogado. Mediante a isso, o julgamento foi adiado e marcado para o dia 7 de dezembro, a partir das 10h30, no mesmo local.

De acordo com o ‘G1’, a acusação consta que Cristiano Gonçalves Ito, o Javali, atualmente com 39 anos, e Marcelo Chrystian Gomes Fukuda, de 36 anos, ambos descendentes de japoneses, foram contratados por 3 milhões de ienes cada um (cerca de R$ 71 mil à época) para invadir a casa do comerciante japonês Yoshitaka Kawakami e matá-lo. Eles achavam que o homem estava sozinho.

Três disparos foram feitos, mas Yoshitaka foi morto com dois tiros. A mulher dele, a japonesa Naomi Kawakami, estava no local e foi agredida com o cabo da arma. Os brasileiros não queriam que ela testemunhasse contra eles. Ainda tentaram asfixiá-la e ela caiu desacordada.

Cristiano e Marcelo fugiram do local e dois dias depois embarcaram num voo para o Brasil com a ajuda da máfia japonesa, segundo o Ministério Público (MP) de São Paulo.

Os brasileiros, no entanto, não sabiam que Naomi tinha se fingido de morta e sobrevivido. Ela deu pistas à polícia japonesa, que em 2003 identificou, prendeu e condenou à prisão perpétua o mandante do assassinato, Ikebe Tetsuo, irmão gêmeo de Yoshitaka.

Ao todo, oito pessoas participaram dos crimes no Japão. Segundo a investigação, Ikebe contratou a Yakuza para matar o irmão porque não aceitava o fato de ter sido criado pelos avós, enquanto Yoshitaka cresceu com os pais.

Outras cinco pessoas que tiveram participação no crime, sendo três japoneses e outros dois brasileiros, foram presas no Japão e condenadas à prisão e trabalhos forçados. Todos confessaram envolvimento.

Após pedido das autoridades japonesas, a Interpol e a Polícia Federal (PF) prenderam Cristiano e Marcelo em 4 de outubro de 2011. Os dois estavam no interior de São Paulo. Cristiano foi encontrado em Mogi das Cruzes e Marcelo em Campinas.

Em depoimentos, eles confessaram os crimes em Tóquio. Disseram ainda que só receberam metade do valor combinado pela execução.

Como os brasileiros foram detidos no Brasil por um crime cometido no Japão, e não há acordo de extradição entre os países, eles foram processados por homicídio qualificado e tentativa de assassinato e serão julgados por esses crimes em território brasileiro.

Ainda de acordo com o ‘G1’, apesar de Cristiano possuir uma tatuagem que remete a letra ¨Y¨ na nuca, o que para a Promotoria significa que ele é membro da Yakuza, o réu negou pertencer a máfia japonesa quando foi ouvido pela Justiça brasileira.

Como a defesa de Cristiano renunciou há cerca de um mês do julgamento, um defensor público deverá ser nomeado pelo juiz para defendê-lo.

Procurado pelo ‘G1’, o advogado Caio Cesar Arantes, que defende Marcelo, afirmou que irá pedir aos jurados para inocentar seu cliente do crime de tentativa de assassinato da esposa do comerciante.

“Marcelo confessou ter dado o segundo tiro na vítima, o fatal, mas nega ter tentado matar a mulher”, falou Caio. “Ele está bastante arrependido”.


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