O dólar interrompeu uma série de três altas seguidas e fechou em queda nesta terça-feira (15), após superar o patamar de R$ 3,90 no dia, com investidores reagindo ao conturbado cenário político local, em meio a nova rodada de buscas da Operação Lava-Jato que envolveu o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, de acordo com a agência Reuters.
A moeda norte-americana recuou 0,25%, cotada a R$ 3,8765 na venda. Na mínima do dia chegou a R$ 3,8506, e na máxima, a R$ 3,9031.
Somente nas três sessões anteriores, a divisa dos EUA acumulava alta de 4%. No mês de dezembro, o dólar acumula perda de 0,23%. Em 2015, porém, há valorização de 45%.
Investidores avaliavam as implicações da nova rodada de buscas relacionadas à Operação Lava Jato. A Polícia Federal cumpriu mandados de busca e apreensão nas casas do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), além de ministros e de outros políticos.
Cunha tem encabeçado a campanha pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff, algo visto como positivo no mercado de maneira geral, de acordo com a Reuters. Por outro lado, ele também tem dificultado a aprovação na Câmara de medidas para ajustar as contas públicas, piorando a perspectiva econômica para o Brasil.
De acordo com a Reuters, uma fonte do Palácio do Planalto disse nesta terça-feira que a presidente decidiu que a meta de superavit primário (a economia feita pelo governo para o pagamento de juros da dívida) para 2016 não será de 0,7% do PIB (Produto Interno Bruto), como defende o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, e que deve ficar abaixo de 0,5%.
Além disso, o Conselho de Ética da Câmara aprovou no início da tarde o parecer preliminar que dá prosseguimento ao processo contra Cunha que pode resultar na cassação de seu mandato.
A notícia vem um dia antes de sessão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a legalidade da Lei 1079/50, que define as regras do procedimento de impeachment.
Atuações do Banco Central no câmbio
O Banco Central do Brasil realizou nesta tarde leilão de venda de até US$ 500 milhões com compromisso de recompra, em operação que não tem como objetivo a rolagem de contratos já existentes.
Pela manhã, o BC também deu sequência à rolagem dos swaps cambiais (equivalentes à venda futura de dólares) que vencem em janeiro, com oferta de até 11.260 contratos.
Até agora, o BC já rolou o equivalente a US$ 6,019 bilhões, ou cerca de 56% do lote total, que corresponde a US$ 10,694 bilhões.
Cenário externo
No mercado externo, os investidores aguardavam a decisão do Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano) sobre as taxas de juros nos EUA nesta quarta-feira. A expectativa é de que o Fed anuncie o primeiro aumento de juros em quase uma década.
“O mercado dá como fato que o Fed vai subir juros amanhã. Mas é um evento importante e é normal que o mercado trabalhe com um pouco mais de cautela enquanto isso não se confirma”, disse o operador da corretora Intercam Glauber Romano à Reuters.
Fontes: Agência Reuters | UOL Economia
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