Dólar fecha segunda semana seguida de queda ante o real

A moeda fechou a semana com perda acumulada em 0,67%.

Do Mundo-Nipo com Agências

O dólar fechou em queda ante o real nesta sexta-feira (16), em meio a expectativas de maior austeridade fiscal no Brasil, o que aumenta a atratividade no país em relação a outros emergentes e que contribuiu para a valorização do real nas duas últimas semanas.

A moeda norte-americana encerrou hoje em baixa de 0,79%, cotada a R$ 2,6342 na venda, anulando a alta registrada na véspera. É a segunda semana seguida de baixa. Segundo dados da BM&F, o movimento financeiro ficou em torno de US$ 1,3 bilhão.

Com o recuo de hoje, a moeda fechou a semana com perda acumulada de 0,67%. No mês e no ano, a desvalorização é de 1,41%.

“O cenário está positivo nos últimos dias e o mercado está aproveitando para ver até onde consegue chegar com o dólar”, disse o operador de câmbio da corretora Intercam Glauber Romano à agência de notícias Reuters.

No cenário internacional, a expectativa de um programa de estímulos do Banco Central Europeu (BCE) e de juros baixos nos Estados Unidos por mais tempo do que o esperado têm deixado os investidores mais otimistas na última semana.

Nesta sexta-feira, a T-note de 10 anos arriscou romper o piso de 1,70%, e negociava há pouco em 1,81%. A queda do rendimento dos títulos soberanos de países desenvolvidos e a maior liquidez no mercado tendem a estimular a retomada das operações de “carry trade”, que buscam ganhar com a arbitragem de juros, com os investidores buscando ativos com alto retorno.

Nesse ambiente, a expectativa de continuidade do ciclo de alta da taxa Selic, com o mercado esperando mais um aumento de 0,5 ponto percentual na semana que vem, e de mudança da política econômica, com a adoção de medidas em direção a um ajuste fiscal, contribuem para aumentar a atratividade do Brasil em relação a outros emergentes.

Segundo declarações do estrategista Italo Lombardi, da América Latina do Standard Chartered Bank, a injeção de maior liquidez nos mercados pelo BCE, pouco depois de o banco central da Suíça ter reduzido a taxa de depósito de -0,25% para -0,75%, aumenta o diferencial de juros em relação ao Brasil, que com a adoção de uma postura mais ortodoxa da política econômica, pode atrair investimentos, conforme noticiou a Agência Valor Online.

“Os investidores estão começando a ver uma mudança do regime econômico por parte do governo. Ainda que existam preocupações e dúvidas em relação ao cumprimento da meta de superávit primário de 1,2% do PIB para este ano, a nova equipe econômica já está fazendo diferença, ao sinaliza uma mudança da trajetória das contas públicas”, afirmou Lombard.

Nesse cenário, o economista até vê espaço para o real se apreciar no curto prazo, com o câmbio voltando para o patamar de R$ 2,55 a R$ 2,50, mas até o fim do ano não há chance para uma apreciação maior, prevendo um câmbio de R$ 2,55 para o fim de 2015, dada a perspectiva de fraco crescimento econômico.

Lombardi pondera, no entanto, que as ações do BCE e do banco central da Suíça são insuficientes para anular o efeito do movimento da política monetária dos Estados Unidos, que continua sendo o tema principal para o movimento da taxa de câmbio.

Hoje o presidente do Federal Reserve de São Francisco, John Williams, disse que considera a possibilidade de um aumento da taxa básica de juros nos Estados Unidos ainda em meados de 2015.

No contexto nacional, o Banco Central manteve seu programa de intervenções, mas agora com metade da oferta. O programa oferece contratos de swap cambial, que equivalem à venda de dólares no mercado futuro.

Foram vendidos 1.000 contratos com vencimento em 1º de setembro deste ano, e outros 1.000 com vencimento em 1º de dezembro.

O BC realizou mais um leilão para rolar os contratos que vencem em 2 de fevereiro. Foram vendidos 10 mil swaps: 4.800 contratos para 3 de novembro de 2015 e 5.200 contratos para 1º de fevereiro de 2016, com volume equivalente a US$ 489,6 milhões.

Ao todo, a autoridade monetária já rolou o equivalente a US$ 5,381 bilhões, ou cerca de 52% do lote total, correspondente a US$ 10,405 bilhões.

(Com informações das Agências Reuters e Valor Online)

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