Atualizado em 17/06/2018
O primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, ordenou aos seus ministros implementar medidas mais eficazes para prevenir o abuso infantil no país, uma decisão em resposta à morte de uma menina de 5 anos em consequência de maus tratos sofridos pelos próprios pais, um caso que gerou uma onda de comoção e revolta no país, com repercussão no exterior.
Na reunião com os principais ministros de seu Gabinete, realizada na sexta-feira (15), Abe disse que é realmente doloroso [as circunstâncias em que morreu a criança]. “Não devemos permitir que um incidente tão trágico aconteça novamente”, declarou o líder japonês, acrescentando que instrui seus ministros a elaborarem “medidas concretas”.
De acordo com a Polícia Metropolitana de Tóquio, o padrasto da criança, Yudai Funato, de 33 anos, a e mãe Yuri, de 25 anos, foram presos por negligência e maus tratos de menor, o que provocou a morte da filha de 5 anos.
A menina Yua morreu em março deste ano, no distrito de Meguro, em Tóquio. Segundo a polícia, os pais não alimentavam a criança e a obrigava praticar escrita de madrugada.
De acordo com uma matéria da ‘Alternativa.jp’, a polícia encontrou um caderno onde Yua escreveu em hiragana (escrita japonesa) comentários como: “Prometo que vou tentar ser melhor amanhã do que hoje. Por favor, me perdoem”.
Forçada pelos pais, ela mesma colocava o despertador para tocar às 4h e acordava para praticar escrita em um quarto sem aquecimento.
A polícia também disse que Yua ficava trancada em casa, sozinha, enquanto o casal saía com outro filho de um ano. Ela também era deixada na varanda do apartamento em pleno inverno, detalha a ‘Alternativa.jp’.
Yua aparentemente ficou tão fraca que não conseguia mais andar sozinha antes de ser levada para um hospital usando uma fralda, em março deste ano. Foi constatado hematomas no corpo da criança, inclusive no rosto. A polícia supôs que os pais agrediam a menina diariamente.
De acordo com a emissora ‘NHK’, a menina esteve sob os cuidados das autoridades locais de bem-estar infantil duas vezes antes de a família se mudar para Tóquio. Contudo, essa informação não chegou ao centro de proteção ao menor na capital japonesa, que não atentou para o caso.
Os ministros disseram que as pastas relevantes deveriam avaliar rapidamente como as informações são compartilhadas entre os centros de assistência infantil, a polícia e as autoridades locais.
Abe disse que “pensou em como a menina deve ter se sentido tentando obedecer aos pais enquanto estava sendo abusada por eles”.
“Um incidente tão terrível não deveria acontecer jamais”, disse abe, que instruiu seu gabinete a implementar rapidamente as medidas necessárias para prevenir o abuso infantil no país, segundo a ‘NHK’.
A morte da menina gerou debates e comoção no país, atraindo a atenção da mídia internacional, o que repercutiu de forma negativa, visto que Japão é notório pelo alto índice de abuso contra crianças e idosos.
Do Mundo-Nipo