Quando o assunto é longevidade, todos pensam no Japão, país onde as pessoas têm a maior expectativa de vida no mundo. Também, não é para menos, visto que o país asiático abriga o maior número de idosos em proporção ao total da população, uma condição que o coloca como líder mundial desse crescente e “lucrativo” mercado.
De acordo com recente relatório da Global Coalition on Aging – entidade voltada para pensar e propor soluções para os desafios que vêm a reboque do envelhecimento da população mundial, – em 2050 haverá 2 bilhões de idosos no planeta, com um poder de compra de 15 trilhões de dólares, mas somente 15% das empresas desenvolveram planos que atendam a esse contingente populacional, segundo revelou uma matéria publicada esta semana na seção do ‘Bem Estar’, do portal ‘G1’.
O mundo parece querer ignorar que a faixa etária acima de 80 é a que mais crescerá nas próximas décadas e que chegar aos 100 anos se tornará rotineiro. O que vemos é um muro de lamentações sobre como lidar com o “problema”, quando, na verdade, o que temos é que nos adaptar e criar condições para atender a esse novo perfil planetário.
Um exemplo sobre a miopia do mercado, e essa sem relação com a longevidade: segundo a revista “Fast Company”, 68% das mulheres usam manequim 44 ou acima dessa numeração. Então por que as marcas ainda insistem em não fabricar roupas para a maioria, que fica restrita a um número restrito de lojas e modelos? Quem se aventurou nesse segmento entendeu que a ditadura da moda não é inclusiva, nem democrática.
O Japão, cuja população envelhece num ritmo superior ao de outros países – em 2065, os idosos representarão 40% do total – já mudou as lentes para enxergar a questão. A revista “The Economist” recentemente registrou algumas iniciativas, como a de uma cadeia de academias de ginástica e musculação que fidelizou a clientela mais velha com descontos: hoje, 30% dos frequentadores passaram dos 60.
A gigante de cosméticos Shisheido abraçou a causa por razões bem práticas: esses clientes vivem mais, se mantêm ativos e têm recursos. Tem inclusive uma equipe de maquiadoras/esteticistas que ensina os truques de beleza para essa faixa etária.
Enquanto isso, o ramo das creches para os pequenos está se adaptando para construir centros de convivência e as empresas de robótica desenvolvem soluções para garantir a independência dos idosos dentro e fora de casa.
Uma outra lição que os japoneses aprenderam e que deveria ser seguida à risca é “fisgar esses consumidores”, pois não se deve tratá-los como velhinhos. A maioria mantém hábitos que tinha décadas antes, com variações e adaptações de acordo com as limitações impostas pela idade.
A matéria do ‘Bem Estar’ tratou do tema ao mostrar o trabalho do AgeLab, ligado ao MIT (Massachusetts Institute of Technology). Seu fundador e diretor, Joseph Coughlin, é um ativista da longevidade e prega uma cartilha com cinco pontos básicos, veja a lista abaixo:
Primeiro: o envelhecimento não é um problema médico a ser solucionado, e sim um estágio da vida a ser reinventado.
Segundo: o mercado ainda oferece produtos pasteurizados e esteticamente inaceitáveis, quando os designers deveriam procurar encantar o consumidor.
Terceiro: o “carimbo” de velho afasta o público, porque está associado a fragilidade e decadência, por isso os produtos devem ser simples, convenientes e charmosos, características que não têm idade.
Quarto: nem sempre é o idoso que faz a compra, portanto os sites e pontos de venda deveriam focar também na faixa etária entre 40 e 50 anos, ampliando a informação disponível.
Quinto: A tecnologia tem que entender e respeitar o consumidor. De nada adianta um lançamento inovador cujo manejo e manutenção sejam complicados.
Fontes: Bem Estar / Globo.
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