Mesmo com o número de casos do novo coronavírus crescendo, mas de forma tímida, no Japão, 99% das escolas públicas do país estavam reabertas em 1º de junho, segundo relatório do Ministério da Educação, Cultura, Esportes, Ciência e Tecnologia (MEXT) traduzido pela Embaixada do Japão e confirmados neste mês de agosto no site da Kyodo News.
Do total de quase 100% das escolas públicas reabertas no território japonês, 55% tinham retornado totalmente, 27% em modo de escalonamento de turmas e 17% com turno reduzido. Desde o fechamento de todas as escolas e a data do levantamento, passaram-se 91 dias.
Mas, em outras partes do mundo, o assunto de quando retomar as aulas é uma questão que coloca governantes, gestores, pais e professores muitas vezes em lados opostos. Não há consenso sobre como e quando retornar às salas de aula. A pergunta é: Todos devem voltar seguindo protocolos de segurança? Deve-se retomar em ensino híbrido? Permanecer em ensino remoto?
Qualquer sugestão gera polêmica. Neste momento, buscar orientação no exemplo de outros países pode ajudar, aproveitando para saber o que deu certo e o que deu errado e, assim, se inspirar para aplicar um modelo melhor em outros países. Olhar para fora é essencial em um momento em que a sociedade aprende a lidar com a pandemia do Covid-19.
Entre as nações que decidiram pela retomada das aulas de forma presencial, um melhor exemplo é, de certo, o Japão. No entanto, o que serviu para o país asiático não pode ser simplesmente reproduzido em qualquer parte do mundo, visto que, primeiramente, é preciso adaptar e ter seriedade.
São evidentes as diferentes situações em que Brasil e Japão se encontram atualmente com relação à pandemia do novo coronavírus.
Números do Covid-19 de Japão e Brasil
No sábado (15), o Japão havia registrado mais 1.200 novos casos diários de infecções, totalizando 55.830, incluindo cerca de 700 do navio de cruzeiro Diamond Princess que foi colocado em quarentena em Yokohama em fevereiro. O número de mortos em todo o país ficou em 1.106, segundo dados divulgados ontem à noite pela Kyodo News.
No Brasil, o número de ontem encontrava-se na marca dos 3.317.832 casos confirmados e 107.297 óbitos mortes, segundo números divulgados pelo consórcio de veículos de imprensa.
Estado de emergência
O estado de emergência em decorrência da pandemia de Covid-19 foi implantado em 7 de abril no Japão. Essa medida permaneceu em vigor até 25 de maio, quando foi revogada.
Em relatório produzido na reunião de especialista sobre medidas contra a pandemia do novo coronavírus, divulgado pelo Ministério da Saúde, Trabalho e Bem-Estar do Japão e Tecnologia (MEXT), e traduzido pela Embaixada do Japão no Brasil, a contenção de novos casos é atribuída às medidas adotadas no país.
O relatório aponta fatores que foram importantes para não deixar a disseminação do vírus crescer abruptamente. Entre eles estão: acesso a tratamento médico de alto nível, um excelente padrão de higiene pública, alta consciência a respeito da higiene dos cidadãos, detecção rápida e medidas contra a infecção coletiva, além da educação, respeito às leis e consciência da população japonesa.
Segundo o documento divulgado pelo MEXT, a confirmação do primeiro caso em solo japonês ocorreu em 16 de janeiro, e o primeiro caso de transmissão comunitária foi em 28 do mesmo mês. Em 10 de abril, o país atingiu o pico da notificação de novos casos diários. Após a declaração do estado de emergência, em 7 de abril, houve diminuição na disseminação do novo coronavírus.
Riscos de contaminação nos colégios
A Embaixada do Japão avalia que os riscos de contaminação de alunos dentro de sala de aula estão sendo reduzidos em decorrência da adoção de medidas profiláticas. As ações seguem o Manual de cuidados com a higiene, formulado pelo MEXT.
Um time de funcionários da Embaixada do Japão no Brasil se reuniu para responder a questionamentos enviados pelo jornal Correio Braziliense. “Dentre os principais aspectos da experiência japonesa que merecem maior atenção, estão os cuidados em evitar três condições: espaços fechados, aglomerações e contato próximo”, refletem os colaboradores da embaixada.
“É importante a ideia de ‘nova vida cotidiana’, em que serão mantidas medidas básicas contra a infecção, tais como uso de máscara e manter a higiene com a lavagem das mãos”, completam.
“Atualmente, há regiões onde se verifica a tendência de avanço da infecção, portanto, mais medidas contra a infecção continuam sendo tomadas, incluindo nas escolas”, explicam.
Futuro das crianças
A Embaixada do Japão informa que, após a desaceleração da pandemia em meados de maio, as escolas começaram a considerar a ideia de retomar a educação devido à sua importância, mas tomando os devidos cuidados, baseando-se na teoria da impossibilidade de zerar o risco da contaminação.
Além de medidas de profilaxia e cuidados para que não haja novos infectados, foram adotados passos para amenizar os déficits de aprendizagem. Com essa premissa, o MEXT anunciou o Pacote abrangente para garantir a aprendizagem das crianças na crise de Covid-19.
“No Japão, considera-se que o futuro do país depende do aprendizado das crianças”, explica a embaixada do país em Brasília.
Entre as medidas presentes no pacote, está o apoio às escolas com o aumento do quadro de profissionais, prevendo um acréscimo de 3.100 novos professores. Além disso, verbas adicionais serão dirigidas para cada escola. A inovação também tem importância no pacote, sendo dirigidos cerca de 460 bilhões de ienes à aceleração para estruturar ambientes equipados com as TICs (tecnologias da informação e comunicação).
Mundo-Nipo (MN)
Fonte principal: Mateus Salomão / Correio Braziliense.
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