Dólar fecha em queda após atingir maior nível ‘intradia’ desde maio de 2003

Apesar de sofrer a segunda queda seguida, o dólar acumula alta de 13,13% no mês.

Do Mundo-Nipo com Agências

O dólar recuou ante o real pelo segundo dia seguido nesta terça-feira (17), após chegar a subir mais de 1% pela manhã e atingir o maior nível intradia em quase 12 anos, com exportadores aproveitando para embolsar os lucros obtidos com as expressivas altas da moeda na semana passada.

A moeda norte-americana encerrou o dia com desvalorização de 0,42%, cotada a R$ 3,2310 na venda, após atingir R$ 3,2844 na máxima da sessão, maior nível intradia desde 2 de maio de 2003. Segundo dados da BM&F, o movimento financeiro ficou em torno de US$ 1,3 bilhão, mesmo volume de véspera.

Na semana, a moeda tem queda acumulada de 0,55%. No mês, há alta de 13,13% e no ano, de 21,53%.

O movimento nesta sessão coincidiu com o aumento dos ganhos da Bovespa, com operadores citando entradas de estrangeiros na bolsa. O Ibovespa fechou com a maior alta desde janeiro, subindo 2,9%. Profissionais no mercado de renda variável ouvidos pela Agência Reuters disseram não ter visto evento específico, relacionando o movimento a uma correção técnica, amparada principalmente no fluxo de capital externo.

“Você sempre vê esse movimento: o dólar sobe, a bolsa fica barata; entra estrangeiro, a bolsa sobe e o dólar passa a cair”, resumiu o superintendente de câmbio da corretora TOV, Reginaldo Siaca.

A recuperação do real no fim da sessão contrastou com a pressão sentida durante praticamente todo o dia. Segundo o operador de um importante banco nacional, citado pela Reuters, o quadro de apreensão doméstico tem levado investidores a adotar a filosofia de “na ausência de notícias, compre dólares”.

Para ele, notícias positivas podem gerar alívios pontuais, mas será necessária uma mudança significativa no cenário político para reverter a atual trajetória de alta da moeda norte-americana. “Este é o novo normal: quando não acontece nada, o dólar sobe”, afirmou.

A principal preocupação dos investidores é com o impacto das turbulências políticas sobre o ajuste fiscal promovido pelo governo, que vem parecendo cada vez mais difícil. Nesse sentido, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, buscou na véspera apoio às medidas de reequilíbrio das contas públicas, mesmo diante da atividade econômica em contração e da inflação elevada.

Analistas ressaltaram ainda que, mesmo no caso de um ajuste fiscal bem-sucedido, a percepção é que a economia brasileira precisa de um dólar forte para se recuperar. Autoridades do governo vêm dando sinais de que acreditam que as atuais cotações são mais próximas de um nível “justo”.

Com o ajuste do fim do pregão, o real voltou a se alinhar com outros importantes mercados de câmbio, onde a divisa norte-americana perdeu força enquanto investidores aguardavam a decisão do Federal Reserve de quarta-feira. A expectativa é que o banco central dos EUA dê pistas mais claras sobre a esperada alta de juros.

Outro fator importante para explicar o comportamento da moeda no mercado interno é a incerteza em relação à continuidade das atuações diárias do Banco Central brasileiro no mercado. O programa está marcado para durar pelo menos até o fim deste mês, mas o BC não deu sinais, até agora, de que pretende estendê-lo, mesmo com a acentuada volatilidade no câmbio.

A volatilidade implícita no mercado de opções operava nos maiores níveis desde setembro de 2014, ápice da instabilidade eleitoral no Brasil.

Nesta tarde, o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, reafirmou que o governo não tem meta para a taxa de câmbio, mas que a decisão sobre o programa de swaps cambiais pertence ao BC. As declarações levaram o dólar a renovar as máximas do dia.

Atuações do Banco Central no câmbio
Nesta manhã, o BC deu continuidade às rações diárias vendendo a oferta total de até 2 mil swaps cambiais, que equivalem a uma posição vendida de US$ 97,7 milhões. Foram vendidos 1 mil contratos para 1º de dezembro de 2015 e 1 mil para 1º de março de 2016.

A autoridade monetária também vendeu a oferta integral no leilão de rolagem dos swaps que vencem em 1º de abril. Até agora, foram rolados cerca de 43% do lote total, que corresponde a US$ 9,964 bilhões.

(Com informações das agências Valor Online e Reuters)

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