O primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, deixou um hospital em Tóquio na noite de segunda-feira (17), hora local, depois de passar por um check-up, o que um assessor chamou de “exame de rotina” em meio a especulações sobre as condições de saúde do premiê japonês.
A visita de Abe ao Hospital Universitário Keio, a primeira em dois meses, durou cerca de sete horas e meia e surgiu em meio a preocupações com sua saúde depois que uma revista local noticiou, no início deste mês, que Abe teria vomitado sangue em julho, enquanto trabalhava em seu escritório no gabinete.
Na época, o principal porta-voz do governo japonês, o ministro Yoshide Suga, negou que Abe estivesse com a saúde debilitada. Mas Akira Amari, chefe de política tributária do partido governista, o Partido Liberal Democrata, e que está sempre próximo ao primeiro-ministro, disse em um programa de TV, no domingo (16), que o líder japonês “precisa descansar um pouco”.
Uma fonte ligada ao gabinete negou que a saúde de Abe esteja piorando, afirmando que “o check-up foi rotineiro e ocorreu hoje porque o premiê tinha o dia inteiro disponível e o aproveitou para realizar exame”.
No entanto, uma fonte separada do governo disse que “o primeiro-ministro vem sofrendo de exaustão devido ao enfrentamento da pandemia de coronavírus, enquanto o vice-primeiro-ministro, Taro Aso, disse que Abe trabalhou 147 dias consecutivos até 20 de junho.
Aso disse que não seria surpresa uma pessoa “não estar bem de saúde depois de ficar sem descansar por tanto tempo”.
Abe entrou no hospital por volta das 10h30 e saiu cerca de 7 horas e meia depois, por volta das 18h, e voltou para sua casa particular em Tóquio. Até o momento, ele não respondeu às perguntas dos repórteres sobre seu estado de saúde.
O premiê de 65 anos tem passado por exames de saúde a cada seis meses, e seu check-up anterior foi em 13 de junho. Uma fonte do hospital disse que a visita atual é para conduzir um teste adicional após o exame de junho.
Renúncia
Abe renunciou abruptamente em 2007, após ficar um ano em seu primeiro mandato como líder do país. A renúncia, segundo ele, foi devido a um problema intestinal. Ele foi internado no mesmo Hospital Universitário Keio um dia depois de anunciar sua intenção de deixar o cargo em setembro daquele ano.
Os partidos da oposição estavam de olho na saúde de Abe, já que ele se manteve discreto desde que a sessão regular da Dieta terminou em junho, aparecendo apenas em coletivas de imprensa realizadas em ocasiões cerimoniais.
“Se ele não estiver bem, espero que descanse e se recupere o mais rápido possível”, disse Yuichiro Tamaki, líder do Partido Democrata para o Povo, a repórteres.
Enquanto isso, outros legisladores do partido da oposição disseram que Abe deveria ser substituído se ele realmente estiver com problemas de saúde, já que não deve haver um vácuo político durante a luta do país contra o novo coronavírus.
Amari disse a um programa de TV transmitido no domingo que Abe “se sente culpado pela idéia de fazer uma pausa”, acrescentando: “Precisamos forçá-lo a descansar, mesmo que apenas por alguns dias”.
O primeiro-ministro costuma passar as férias de verão em sua casa de veraneio na província de Yamanashi, depois de participar de uma cerimônia que marca a rendição do Japão na Segunda Guerra Mundial em 15 de agosto de cada ano. Este ano, ele ficou em sua casa em Tóquio, em meio a um ressurgimento de infecções por coronavírus no país.
Abe foi criticado por sua resposta à pandemia, principalmente pela distribuição lenta de máscaras patrocinadas pelo governo, bem como por impulsionar uma campanha de promoção do turismo, apesar do ressurgimento do vírus, e uma mudança de última hora que excluiu os residentes de Tóquio do programa de subsídios.
Após retornar ao poder em 2012, Abe disse que havia superado sua doença intestinal – colite ulcerosa – com a ajuda de um novo medicamento. Em novembro do ano passado, ele se tornou o primeiro-ministro que mais tempo ficou à frente do governo do Japão.
Mundo-Nipo (MN)
Fonte: Kyodo News.
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