Dólar tem terceira queda seguida após subir mais de 1,5% no dia

Apesar da sequência de quedas, o dólar acumula valorização de mais de 12% no mês.

Do Mundo-Nipo com Agências

O dólar recuou ante o real pelo terceiro pregão seguido nesta quarta-feira (18), após subir mais de 1,5% nesta sessão, revertendo a trajetória de alta vista pela manhã, em reação ao comunicado de política monetária do Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano). Apesar de retirar a expressão “paciência” do comunicado, o Fed sinalizou que não tem pressa em elevar a taxa básica de juros e que esse aumento deve ser mais devagar, contrariando as expectativas de mercado que esperam alta dos juros já no meio do ano.

A moeda norte-americana encerrou o dia com desvalorização de 0,52%, cotada a R$ 3,2141 na venda, após subir 1,54% na máxima da sessão e atingir R$ 3,2809. Segundo dados da BM&F, o movimento financeiro foi fraco, em torno de US$ 600 milhões, contra US$ 1,3 bilhão na véspera.

Nas últimas três sessões, a moeda americana acumula perdas de 1,07%. No mês, porém, há alta de 12,6%. No ano, a valorização e de 21,01%.

Apesar de retirar a expressão “paciência”, o Fed destacou que vai elevar a taxa básica de juros quando tiver “confiança razoável” de que inflação vai retornar a meta de 2%. Os membros do órgão veem a taxa de juros subindo lentamente neste ano e destacam que a mudança de orientação não significa que a autoridade monetária americana tomou decisão sobre o momento de subir os juros. “Não é porque eliminamos a palavra ‘paciência’ do comunicado que seremos impacientes”, afirmou, Janet Yellen, presidente do Fed, em discurso logo após a divulgação do comunicado.

Yellen destacou que é improvável que as condições econômicas exijam alta de juros em abril, mas que a partir de junho não se pode descartar a alta de juros. “Não podemos descartar aumento de juros nas próximas reuniões. O Fed vai monitorar a inflação com cuidado”, afirma.

Segundo a economista-chefe da ARX Investimentos, Solange Srour, o Fed tirou o termo “paciência”, mas reduziu a projeção central para a taxa de juros, que passou de 0,625% em 2015 ante 1,125% da projeção de dezembro. “Com isso, o Fed pode postergar o início da alta da taxa básica de juros para setembro, que deve ser bem mais devagar”, afirma.

Solange acredita que o Fed deve começar a subir a taxa de juros antes de a inflação alcançar a meta de 2%. “A queda do preço de petróleo e valorização do dólar tendem a manter a inflação baixa”, diz.

“Foi um comunicado relativamente ‘dovish’, mas não tanto”, disse à Agência Reuters o economista da 4Cast, Pedro Tuesta, que vê chance “muito menor” de o aperto monetário norte-americano ter início em junho. A manutenção de juros baixos nos EUA por mais tempo sustentaria a atratividade de ativos denominados em reais.

Mas, segundo Tuesta, o efeito do comunicado do Fed sobre o comportamento do real nas próximas sessões pode ser limitado. “Reduz a pressão, mas o real está em um mundo próprio. Há uma chance de o Banco Central anunciar o fim do programa de swaps cambiais e há a questão do ajuste fiscal”, acrescentou.

Também por isso, a queda do dólar sobre o real foi menos expressiva do que o movimento em outros mercados de câmbio. O euro, por exemplo, subiu mais de 2% em relação à divisa norte-americana, maior ganho diário desde julho de 2010.

Outro fator que limitou a queda do dólar à vista no Brasil foi um ajuste técnico. Na sessão passada, a moeda dos EUA recuou na reta final do pregão devido ao ingresso de investidores estrangeiros na bolsa, mas, após o fechamento, o dólar futuro reduziu a queda à medida que o impacto do fluxo se dissipou. Por isso, contrato para abril apresentou maior do que o dólar pronto nesta sessão.

No mercado doméstico, as preocupações com o quadro político e econômico do Brasil mantiveram os investidores cautelosos. O Congresso aprovou na noite passada o Orçamento Federal de 2015, com o maior valor já consignado na lei orçamentária para emendas individuais de deputados e senadores.

“Olhando pelo lado positivo, (a aprovação do Orçamento) parece ser uma trégua temporária nos atritos entre o Executivo e o Legislativo. Mas, é claro, isso não significa que os problemas acabaram”, disse à Reuters um operador de uma corretora nacional, que pediu para não ser identificado.

Pesquisa Datafolha mostrou que a avaliação ruim/péssima do governo da presidente Dilma Rousseff disparou para 62 por cento em março, na maior rejeição a um presidente desde Fernando Collor de Mello às vésperas do impeachment em 1992.

A dúvida sobre a possível prorrogação do programa de intervenções diárias do BC no câmbio completou o quadro de incertezas. Nesta tarde, o presidente do BC, Alexandre Tombini, afirmou que a autoridade monetária ainda está por decidir o futuro da atuação, mas ressaltou que o atual programa já tem tamanho significativo.

“Tudo sugere que o fim dos leilões diários já está no preço do dólar”, disse o operador da corretora Intercam Glauber Romano.

Atuações do Banco Central no câmbio
Nesta manhã, a autoridade monetária deu continuidade às rações diárias vendendo a oferta total de até 2 mil swaps cambiais, que equivalem a US$ 97,2 milhões. Foram vendidos 100 contratos para 1º de dezembro de 2015 e 1.900 para 1º de março de 2016.

A autoridade monetária também vendeu a oferta integral no leilão de rolagem dos swaps que vencem em 1º de abril. Até agora, foram rolados cerca de 46% do lote total, que corresponde a US$ 9,964 bilhões.

(Com informações das agências Valor Online e Reuters)

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