Vítima de estupro, jornalista japonesa ganha ação contra diretor de TV

Executivo Noriyuki Yamaguchi foi condenado a indenizar Shiori Ito, de 30 anos. Ele é acusado de violentar a jornalista em um quarto de hotel em Tóquio.
Shiori Ito exibe cartaz com a palavra Vitória em japonês Foto Reuters compressed
Shiori Ito exibe cartaz com a palavra “Vitória”, em japonês | Foto: Reuters

Um tribunal de Tóquio deu ganho de causa à jornalista Shiori Ito na batalha judicial envolvendo uma denúncia de estupro contra um diretor de uma popular emissora de TV no Japão, em um dos casos mais icônicos do movimento #Metoo no Japão.

“Vencemos, o recurso foi rejeitado”, disse Ito nesta quarta-feira (18), logo após a sentença, exibindo um cartaz com a palavra “vitória”.

O juiz condenou o agressor a pagar uma indenização de 3,3 milhões de ienes (30.600 dólares), um terço do valor reclamado pela jornalista, que era de 100 mil dólares.

Shiori, como é conhecida no Japão, denunciou no início do movimento #Metoo que havia sido violentada em 2015, em um quarto de hotel de Tóquio, pelo executivo de TV Noriyuki Yamaguchi.

Segundo a jornalista, Yamaguchi lhe prometeu um posto nos Estados Unidos e supostamente a drogou quando os dois foram jantar em um restaurante, para violentá-la posteriormente.

Shiori, 30 anos, contou sua história na imprensa e no livro “Black box” (“Caixa preta”).

Yamaguchi, que é o biógrafo do primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, também entrou com uma ação contra a jornalista, acusando-a de difamação.

Segundo o executivo, a jornalista estava completamente bêbada e incapaz de voltar só para casa após o jantar, e os dois seguiram para o hotel, onde ela não recusou sua investida.

De acordo com a emissora pública NHK, logo após a decisão do Tribunal, Shiori falou aos jornalistas em prantos, alegando que “vencer o caso não anula os ferimentos que sofreu”.

A jornalista disse que, graças à ação civil, conseguiu tornar público o que aconteceu com ela, além de revelar outras evidências.

Vítimas de estupro no Japão

De acordo com a agência Reuters, vítimas de agressão sexual no Japão muitas vezes evitam relatar incidentes por medo de serem consideradas culpadas e/ou humilhadas.

Apenas 2,8% das mulheres forçadas a fazer sexo consultaram a polícia, mostrou uma pesquisa do governo em 2017.

Mensagem

Quando perguntada em uma entrevista coletiva que mensagem ela gostaria de transmitir às vítimas de violência sexual, Ito disse: “Você pode agir a qualquer momento. Primeiramente, sobreviver (a agressão sexual) deve ser o mais importante”, disse, segundo a Reuters (veja matéria completa).

Com a vitória do processo, Shiori “espera que seu caso ajude a melhorar o sistema do Japão para aliviar o sofrimento de vítimas semelhantes”.

A emissora TBS disse em comunicado que o caso é altamente lamentável, visto que o réu era seu funcionário na época do “estupro”.

Fontes: Agência AFP | NHK News | Agência Reuters.


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