Dólar recua mais de 1% com medidas fiscais no Brasil e dados da China

Os investidores ficaram animados com as medidas do governo que devem gerar uma arrecadação de R$ 20,6 bilhões.

Do Mundo-Nipo com Agências

O dólar recuou mais de 1% ante o real nesta terça-feira (20), devolvendo os ganhos na sessão anterior, com os investidores reagindo bem às medidas fiscais anunciadas ontem pelo governo brasileiro. O resultado do dólar hoje também foi Influenciado por dados econômicos positivos da China mostrando que o PIB do país desacelerou menos do que o esperado, o que aliviou as preocupações nos mercados globais.

A moeda norte-americana encerrou o dia em baixa de 1,54%, cotada a R$ 2,6150 na venda, após ter subido mais de 1,33% na véspera em reação à notícia de que poderá haver racionamento de energia elétrica no Brasil. Segundo dados da BM&F, o movimento financeiro melhorou, em torno de US$ 1,1 bilhão, contra cerca de US$ 600 milhões na segunda-feira.

Ontem, o governo anunciou um conjunto de medidas que deve gerar uma arrecadação de R$ 20,6 bilhões, o que foi bem recebido pelos investidores, sinalizando um esforço do governo em tentar recuperar a credibilidade da política fiscal e cumprir a meta do superávit primário de 1,2% do PIB para este ano.

De acordo com a Agência Valor Online, as medidas incluem o aumento da alíquota de PIS/Cofins sobre as importações, do IOF para crédito de curto prazo para pessoa física, do PIS, Cofins e da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) sobre os combustíveis e a equiparação do setor atacadista e o industrial no Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI) incidente sobre o setor de cosmético.

“Os investidores sabem que é impossível conseguir concertar as contas públicas e recuperar o resultado fiscal só com o corte de gastos. Uma parte desse esforço terá de ser feita com o aumento de impostos”, afirmou ao Valor Online economista-chefe da Arx Investimentos, Solange Srour.

O governo também tem atacado o corte de gastos, ao reformular as regras para a concessões de seguro-desemprego e de pensão por morte, além de cortar 33% das despesas não obrigatórias do governo em relação ao valor previsto na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2015. Com isso, o bloqueio mensal de gastos do governo será de R$ 1,9 bilhão, e valerá até a aprovação do Orçamento de 2015.

Essas medidas ajudam a melhorar a confiança dos investidores estrangeiros ao afastar o risco de perda do grau de investimento do Brasil. “Se o cenário lá fora continuar favorável, com o Federal Reserve demorando para subir a taxa básica de juros e o Banco central Europeu (BCE) adotando mais medidas de estímulo, o Brasil, com uma alta taxa básica de juros e fundamentos macroeconômicos melhores, tende a atrair investimentos, principalmente para renda fixa”, afirmou Solange.

Ainda de acordo com as explicações de Solange, o pacote de medidas de ajuste fiscal ajudou a reduzir o pessimismo no mercado após o corte no fornecimento de energia pelas distribuidoras do Sul e Sudeste ontem a pedido do Operador Nacional do Sistema (ONS), responsável pela gestão do abastecimento de energia no país, para “alívio da carga” do sistema. No entanto, a preocupação com novos “apagões” e com o racionamento de energia segue sendo um risco para a economia brasileira, que poderia comprimir ainda mais o fraco crescimento econômico esperado para este ano.

Segundo a Agência Reuters, o bom humor nesta sessão foi sustentado também pela surpresa positiva em relação ao crescimento econômico da China no quarto trimestre do ano passado, que desacelerou menos que o esperado. Embora o resultado para 2014 como um todo tenha ficado abaixo da meta do governo, o indicador animou investidores, alimentando a demanda por ativos de maior risco, que já vinha elevada devido a expectativas de mais estímulos na zona do euro.

Investidores no mercado doméstico também aproveitaram o quadro favorável para corrigir excessos da véspera, quando o dólar saltou diante da ameaça de racionamento de energia, mais um obstáculo para a cambaleante atividade econômica brasileira. O movimento de onte foi exagerado pelo baixo volume de negócios, devido ao feriado nos Estados Unidos.

“Ontem, o dólar subiu um pouco no vazio e, com o mercado mais cheio, é normal dar alguns passos para trás”, disse à Reuters o gerente de câmbio da corretora Tov, Celso Siqueira.

Intervenções do Banco Central no câmbio
Nesta manhã, o Banco Central deu continuidade às atuações diárias, vendendo a oferta total de até 2 mil swaps cambiais, que equivalem a venda futura de dólares, pelas atuações diárias. Foram vendidos 1,1 mil contratos para 1º de setembro e 900 para 1º de dezembro, com volume correspondente a US$ 98,4 milhões.

O BC fez ainda mais um leilão de rolagem dos swaps que vencem em 2 de fevereiro, que equivalem a US$ 10,405 bilhões, vendendo a oferta total de até 10 mil contratos. Até agora, a autoridade monetária já rolou cerca de 61% do lote total.

(Com informações das Agências Reuters e Valor Online)

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