O dólar fechou em forte queda nesta sexta-feira (20), anulando os ganhos acumulados na semana e interrompendo sequência de três altas semanais, acompanhando o movimento no exterior em meio ao bom humor que se seguiu hoje nos mercados internacionais.
A moeda norte-americana passou por uma forte correção após dias de intensas altas e encerrou o dia com desvalorização 2,1%, cotada a R$ 3,2302 na venda, após atingir R$ 3,3164 na máxima da sessão, maior nível em quase 12 anos. Segundo dados da BM&F, o movimento financeiro aumentou, ficando em torno de U$ 1,7 bilhão, contra US$ 1,3 bilhão na véspera.
No acumulado da semana, o dólar caiu 0,58% ante o real, após subir nas três semanas anteriores. No mês, porém, acumulada alta de 13,10% e, no ano, de 21,5%.
A divisa atingiu 3,2017 na mínima do dia, mas reduziu as perdas na segunda metade da sessão à medida que investidores compraram dólares para se protegerem de possíveis notícias negativas no fim de semana.
“O mundo inteiro está vendendo dólares e o resultado é uma trégua aqui. Resta saber se ela vai ser duradoura ou não”, disse à Agência Reuters o gerente de câmbio da corretora Treviso, Reginaldo Galhardo.
Operadores citaram uma série de fatores para explicar o clima favorável, incluindo o tom mais cauteloso adotado pelo Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano) em sua decisão de política monetária nesta semana, o programa de compra de títulos do Banco Central Europeu (BCE) e a promessa de reformas da Grécia.
Nesta sessão, o euro subia cerca de 1,5% ante o dólar e caminhava para marcar o maior ganho semanal desde o início de 2013, pouco após o BCE começar a imprimir dinheiro para comprar títulos soberanos europeus. Também ajudou esse movimento a perspectiva de que os juros norte-americanos vão demorar um pouco mais para começar a subir e isso acontecerá de forma mais lenta.
“O Fed está sendo muito claro sobre o que está fazendo. Quando começar o aperto, será tão lento e mitigado que não terá um grande impacto”, afirmou a analista do Bulltick Katherine Rooney Vera.
A Grécia voltou ao centro das atenções do mercado internacional nesta sexta-feira, após o primeiro-ministro do país, Alexis Tsipras, afirmar que está mais otimista após encontro com líderes europeus durante a cúpula da União Europeia. Segundo a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, a Grécia enviará lista de medidas de reforma nos próximos dias.
No cenário doméstico, o risco político não saiu do radar, mas preocupa menos do que ontem. Reportagem da Agência Valor Online informa que “há pouca gordura” para queimar nas medidas de ajuste em negociação com o Congresso, mas operadores mantiveram essas questões no radar. Segundo eles, o quadro de apreensão deve sustentar a volatilidade nas próximas sessões.
Essa instabilidade aqui é mais uma evidência da vulnerabilidade da moeda aos fatores domésticos. Riscos de rebaixamento do “rating”, obstáculos à aprovação de medidas fiscais diante do impasse entre governo e Congresso Nacional, inflação elevada e possibilidade de o Banco Central reduzir o ritmo de aperto monetário são apenas alguns dos fatores que têm pesado sobre o real, além do receio de fim do programa de swaps cambiais.
Os investidores aguardam para semana que vem a decisão do Banco Central sobre o programa da “ração” diária, que foi estendido até o fim de março.
Atuações do Banco Central no câmbio
Nesta manhã, o BC deu continuidade às rações diárias vendendo a oferta total de até 2 mil swaps cambiais, que equivalem a US$ 97,4 milhões. Foram vendidos 650 contratos para 1º de dezembro de 2015 e 1.350 para 1º de março de 2016.
A autoridade monetária também vendeu a oferta integral no leilão de rolagem dos swaps que vencem em 1º de abril. Até agora, rolou cerca de 53% do lote total, que corresponde a US$ 9,964 bilhões.
Do Mundo-Nipo
Fontes: Valor Online | Reuters.
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