Japão usa presídio como abrigo temporário para vítimas de terremotos

A prisão de Kumamoto, com 500 detentos, acolheu ontem 250 desabrigados.
Universitarios sendo levados por soldados para um lugar seguro em Minamiaso Kumamoto Foto Kyodo

O Japão se viu obrigado a usar um presídio para acolher parte de aproximadamente 123,5 mil pessoas que continuam desabrigadas em Kumamoto e Oita, províncias localizadas na ilha de Kyushu, no sul do Japão, depois que dois fortes terremotos, bem como centenas de tremores secundários atingiram a região na semana passada e que causaram pelo menos 48 mortos, informou nesta quarta-feira (20) a emissora pública ‘NHK’.

Desde ontem, o Ministério da Justiça decidiu colocar seus estabelecimentos prisionais à disposição dos desabrigados. Segundo a ‘NHK’, a prisão de Kumamoto, com 500 detentos, acolheu 250 pessoas.

Em coletiva de imprensa, o representante do ministério, Koichi Shima, declarou que “é a primeira vez que isso se aplica”.

Atual situação dos locais afetados pelos recentes terremotos
Dois grandes terremotos e mais de seiscentos tremores secundários foram registrados desde a quinta-feira (14) no sul do Japão, mais precisamente na província de Kumamoto. A província vizinha Ota também tem sido afetada pelas centenas de réplicas, inclusive, algumas com alto grau de intensidade.

O terremoto mais potente ocorreu no sábado (16) em Kumamoto. Além de outros estragos, o tremor de magnitude 7,3 desencadeou uma gigantesca avalanche de lama e pedras que soterrou casas e bloqueou estradas, principalmente em Mashiki e Minamiaso, em Kumamoto, onde cerca de 9 mil construções ficaram danificadas, enquanto muitas pessoas continuam desaparecidas e/ou soterradas.

Autoridades locais informaram que o número de mortos totalizava 48 até esta quarta-feira, enquanto mais de mil feridos receberam tratamento em hospitais, dos quais 208 em estado grave.

Os tremores deixaram milhares de domicílios sem fornecimento de eletricidade, gás e água, afetando ainda os serviços de transportes tanto aéreo como terrestres. Até a terça-feira (19), cerca de 11 mil lares continuavam sem eletricidade e 89 mil sem água em Kumamoto.

Mais de 20 mil efetivos do exército colaboram nos trabalhos de resgate daqueles que seguem soterrados e provavelmente sem vida, enquanto tentam fazer chegar alimentos por helicóptero às zonas mais afetadas, onde começa a faltar a comida.

Mais de 95.000 pessoas tiveram de abandonar seus lares. Contudo, a incidência dos tremores secundários tem encorajado muitas pessoas a procurar abrigo público. Com isso, cerca de 120 mil pessoas em Kumamoto e outras 3.500 em Oita estão em centro de colhimento municipais, escolas ou até em parques de estacionamento.

Além das 48 mortes provocadas pelos terremotos,segundo dados divulgados hoje, onze pessoas morreram vítimas da degradação de suas condições de vida. Segundo o centro de crise da prefeitura de Kumamoto, as vítimas morreram por problemas circulatórios ou estresse, após as mudanças abruptas que tiveram que enfrentar em consequência dos incessantes tremores.

Muitas pessoas estão vivendo dentro dos próprios carros em parques de estacionamento. As autoridades registraram casos, inclusive um fatal, de trombose venosa ou flebite, pela permanência em uma mesma posição por muito tempo.

Até o momento, 18 pessoas foram levadas a hospitais e diagnosticadas com trombose venosa profunda (TVP). Duas delas estão inconscientes e em estado crítico.

A TVP, que é por vezes referida como síndrome da classe econômica, um termo que surgiu inicialmente como um problema relacionado a longas viagens de avião, é uma condição na qual a má circulação provoca coágulos de sangue nas veias, muitas vezes nas pernas, depois que uma pessoa permanece em um espaço apertado por um período prolongado. O coágulo pode viajar para os pulmões e causar dificuldades respiratórias ou insuficiência cardíaca.

Fontes: Agência Kyodo | Agência AFP | NHK News.

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