O dólar saltou mais de 1% nesta quinta-feira (21) e fechou no maior valor desde a criação do Plano Real, em 1994, refletindo a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central Brasileiro, em manter a taxa básica de juros. Os mercados globais também buscavam investimentos considerados mais seguros diante das preocupações com o crescimento da China e em meio à contínua queda nos preços do petróleo.
A moeda norte-americana subiu 1,47%, cotada a R$ 4,1655 na venda. Este é o maior valor de fechamento da história do real, implantado em 1994. O recorde anterior ocorreu em 23 de setembro, quando a moeda brasileira fechou a R$ 4,146.
Na máxima da sessão, o dólar atingiu R$ 4,1737, maior cotação intradia desde o recorde histórico de R$ 4,2491, atingido em 24 de setembro de 2015.
Com o resultado de hoje, o dólar acumula alta de 2,96% na semana. No mês e no ano, a moeda já subiu 5,51%.
Nos mercados externos, a instabilidade dos preços do petróleo mantinha o quadro de cautela que predomina neste início de ano. A decisão da China de injetar recursos no mercado antes do feriado do Ano Novo Lunar, porém, limitava um pouco o mau humor externo, reduzindo o pessimismo dos investidores.
O mercado interno foi influenciado pela decisão do Copom, que ontem anunciou a manutenção da taxa básica de juros (Selic) em 14,25% ao ano. Foi a primeira reunião do ano, e a quarta seguida em que a taxa foi mantida no mesmo nível.
O BC estava em um dilema entre subir os juros para tentar segurar a inflação ou mantê-los, para não atrapalhar ainda mais a recuperação da economia brasileira.
Além de piorar as perspectivas para a entrada de dólares no Brasil, a decisão aumentou as incertezas nos mercados locais, que até o início da semana apostavam em alta de 0,5 ponto percentual.
“(A manutenção da Selic) é um baque na credibilidade do BC. É o pior dos mundos: o mercado questiona a autonomia do BC e as expectativas de inflação pioram”, disse João Paulo de Gracia Correa, superintendente regional de câmbio da corretora SLW, à agência de notícias Reuters.
Analistas ouvidos pelo portal de notícias G1, logo após o anúncio da decisão, também afirmaram que a decisão coloca em dúvida a credibilidade do Banco Central. “A percepção que eu tenho é que estão fazendo da política monetária um brinquedo para satisfazer algumas vaidades”, disse Otto Nogami, professor de economia do MBA do Insper.
“Talvez a decisão até seja correta, talvez a política monetária não consiga mais conter a inflação. Mas a maneira como eles chegaram da manutenção foi um desastre, falando sobre a comunicação”, analisou João Ricardo Costa Filho, professor da Faculdade de Economia da FAAP.
Atuações do Banco Central
O Banco Central fez nesta manhã mais um leilão de rolagem dos swaps cambiais (equivalentes à venda futura de dólares) que vencem em 1º de fevereiro, vendendo a oferta total de até 11,6 mil contratos.
Até o momento, o BC já rolou o equivalente a US$ 7,891 bilhões, ou cerca de 76% do lote total, que corresponde a US$ 10,431 bilhões.
Fontes: G1 | Agência Reuters | Folha de S.Paulo.
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