Vazamento de água radioativa adia reativação de reator no oeste do Japão

Houve um vazamento de 34 litros de água contendo substâncias radioativas no reator da usina de Takahama.
Usina de Takahama Foto Kyodo 900x600 21 02 2016

Um vazamento de água radioativa no complexo nuclear de Takahama, no oeste do Japão, provocou suspensão do processo de reativação em um dos reatores da central atômica, informou, neste domingo (21), a Companhia de Energia Elétrica de Kansai, operadora da usina.

“As operações de reinício (…) foram suspensas porque estamos investigando a causa” do incidente, informou um porta-voz da empresa, que garantiu que não há perigo para o ambiente.

A companhia explicou que houve um vazamento de 34 litros de água contendo substâncias radioativas no reator da usina de Takahama, situada na província de Fukui, a cerca de 400 km a oeste de Tóquio.

O reator 3 da central nuclear em Fukui foi reativado no final de janeiro, quando tornou-se o terceiro a retomar suas operações após o acidente no complexo nuclear em Fukushima, em março de 2011, o que provocou o fechamento de todas as usinas nucleares no país a partir de setembro de 2013.

Crise nuclear
Todos os reatores operantes no país foram interrompidos por causa do acidente nuclear na usina Fukushima Daiichi, provocado pelo gigantesco tsunami gerado após o poderoso terremoto de 9 graus em 11 de março de 2011, que devastou parte do nordeste japonês.

O acidente em Fukushima gerou a pior crise nuclear mundial desde a ocorrida em Chernobyl, em 1986.

Depois da tragédia, Japão passou a adotar um sistema de segurança mais rígido de segurança. Para tanto, foi criado a Autoridade de Regulação Nuclear do Japão.

O reator 1 em Sendai foi o primeiro a superar os novos requerimentos mais rígidos em matéria de segurança, sendo reativado em agosto do ano passado. A segunda unidade de fusão da usina, cuja reativação ocorreu em outubro de 2015, também superou o exame, da mesma forma que dois reatores da usina de Takahama, sendo que um já está operante.

O Japão tinha 54 reatores operacionais antes da destruição de seis unidades da central de Fukushima. Dos 48 restantes, pelo menos cinco devem ser desmantelados.

O governo do conservador Shinzo Abe e as companhias elétricas do país têm defendido a reativação de usinas que cumpram com os novos padrões de segurança por causa dos aumentos dos custos com a compra de hidrocarbonetos, necessários para o funcionamento das centrais térmicas.

Desde o blecaute das usinas, Japão passou a importar 90% de seu petróleo, bem como todo o carvão e gás natural, o que levou o país a sofrer um forte déficit na sua balança comercial. Os gastos com essa importação têm atrapalhado os planos de Abe para reaquecer a terceira maior economia do mundo.

Além dos altos custos com importação de energia, Abe insiste que o uso extensivo das centrais térmicas – principais veículos de poluição – impede a adoção de planos ambiciosos para reduzir às emissões de CO2 e outros gases de efeito estufa.

Com a retomada do programa de energia nuclear, o governo de Abe deseja que os reatores gerem 22% da energia elétrica no Japão até 2030, um porcentual menor que antes de Fukushima.

No entanto, segundo indicam as pesquisas, a maior parte da população é contrária a reativação dos reatores pelo temor de um novo acidente, o que tem gerado protestos em todo o país.

(Com informações das agências AFP e Kyodo)

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