Um vazamento de água radioativa no complexo nuclear de Takahama, no oeste do Japão, provocou suspensão do processo de reativação em um dos reatores da central atômica, informou, neste domingo (21), a Companhia de Energia Elétrica de Kansai, operadora da usina.
“As operações de reinício (…) foram suspensas porque estamos investigando a causa” do incidente, informou um porta-voz da empresa, que garantiu que não há perigo para o ambiente.
A companhia explicou que houve um vazamento de 34 litros de água contendo substâncias radioativas no reator da usina de Takahama, situada na província de Fukui, a cerca de 400 km a oeste de Tóquio.
O reator 3 da central nuclear em Fukui foi reativado no final de janeiro, quando tornou-se o terceiro a retomar suas operações após o acidente no complexo nuclear em Fukushima, em março de 2011, o que provocou o fechamento de todas as usinas nucleares no país a partir de setembro de 2013.
Crise nuclear
Todos os reatores operantes no país foram interrompidos por causa do acidente nuclear na usina Fukushima Daiichi, provocado pelo gigantesco tsunami gerado após o poderoso terremoto de 9 graus em 11 de março de 2011, que devastou parte do nordeste japonês.
O acidente em Fukushima gerou a pior crise nuclear mundial desde a ocorrida em Chernobyl, em 1986.
Depois da tragédia, Japão passou a adotar um sistema de segurança mais rígido de segurança. Para tanto, foi criado a Autoridade de Regulação Nuclear do Japão.
O reator 1 em Sendai foi o primeiro a superar os novos requerimentos mais rígidos em matéria de segurança, sendo reativado em agosto do ano passado. A segunda unidade de fusão da usina, cuja reativação ocorreu em outubro de 2015, também superou o exame, da mesma forma que dois reatores da usina de Takahama, sendo que um já está operante.
O Japão tinha 54 reatores operacionais antes da destruição de seis unidades da central de Fukushima. Dos 48 restantes, pelo menos cinco devem ser desmantelados.
O governo do conservador Shinzo Abe e as companhias elétricas do país têm defendido a reativação de usinas que cumpram com os novos padrões de segurança por causa dos aumentos dos custos com a compra de hidrocarbonetos, necessários para o funcionamento das centrais térmicas.
Desde o blecaute das usinas, Japão passou a importar 90% de seu petróleo, bem como todo o carvão e gás natural, o que levou o país a sofrer um forte déficit na sua balança comercial. Os gastos com essa importação têm atrapalhado os planos de Abe para reaquecer a terceira maior economia do mundo.
Além dos altos custos com importação de energia, Abe insiste que o uso extensivo das centrais térmicas – principais veículos de poluição – impede a adoção de planos ambiciosos para reduzir às emissões de CO2 e outros gases de efeito estufa.
Com a retomada do programa de energia nuclear, o governo de Abe deseja que os reatores gerem 22% da energia elétrica no Japão até 2030, um porcentual menor que antes de Fukushima.
No entanto, segundo indicam as pesquisas, a maior parte da população é contrária a reativação dos reatores pelo temor de um novo acidente, o que tem gerado protestos em todo o país.
(Com informações das agências AFP e Kyodo)
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