Japão e Brasil mantiveram suas posições na edição 2017 do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), compilado anualmente pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) e divulgado nesta terça-feira (21).
Publicado hoje, mas elaborado em 2016, o relatório tem como base os dados coletados em 2015 e abrange 188 países e territórios. O IDH é um índice medido anualmente pela ONU e utiliza indicadores de renda, saúde e educação.
Esses indicadores são obtidos a partir de dados de vários organismos nacionais e internacionais. Com eles, o Pnud avalia a expectativa de vida no nascimento, o tempo que uma pessoa passa na escola e o padrão de vida a partir do Produto Interno Bruto (PIB) per capita de cada nação. Com estes resultados, o IDH é calculado com o índice alcançado, que varia de 0 a 1. Quanto mais próximo de 1, mais desenvolvido é o país.
A Noruega, país escandinavo que, entre 2014 e 2015, saltou de 0,944 ponto para 0,949 ponto, há anos lidera o índice da ONU, à frente dos outros 50 países que o Pnud classifica como de desenvolvimento humano muito alto – e entre os quais só há dois latino-americanos: Chile (38ª posição no ranking) e Argentina (45ª).
Enquanto isso, o Brasil se manteve na 79ª posição, com os mesmos 0,754 pontos alcançados no relatório anterior. A queda no rendimento bruto nacional (PIB per capita) em 2015 fez com que o IDH no Brasil estagnasse, apesar da pequena melhora em indicadores como expectativa de vida e escolaridade. É a primeira vez desde 2010 que o país apresenta estagnação no índice.
O órgão aponta que os resultados do Brasil refletem os efeitos da crise tanto econômica como política que afetam o país desde 2014.
Já a estagnação do Japão dura por três anos. Desde o relatório de 2014, que corresponde aos dados coletados em 2013, a terceira maior economia do mundo ocupa a 17ª posição, mesmo melhorando significativamente nos indicadores de escolaridade e de crescimento no rendimento bruto nacional. Além disso, Japão detém a maior expectativa de vida do mundo.
Contudo, países em melhores colocações no índice têm apresentado maior crescimento. Um grande exemplo disso é o resultado do IDH japonês, que totalizou 0,903 ponto neste último relatório, crescimento de apenas 0,013 ponto em três anos, enquanto Hong Kong (12º) apresenta IDH de 0,917 ponto, elevação de 0,026 ponto no mesmo período – o dobro do crescimento apresentado pelo Japão. No relatório de 2014, Japão e Hong Kong registraram IDH de 0,890 e 0,891, respectivamente.
Os resultados do Japão refletem a persistente estagnação econômica do país, com o governo do primeiro-ministro Shinzo Abe encontrando sérias dificuldades para atingir sua meta de inflação estável de 2% ao ano.
Contudo, a tétrica desigualdade de gênero no Japão, onde mulheres representam menos de 20% da força de trabalho em cargos de chefia, tornou-se um dos principais degradantes para o crescimento do país, o que há tempos não é visto com bons olhos pela ONU – o órgão já alertou o país para o problema em várias ocasiões.
Pobreza no mundo
De acordo com o relatório do Pnud, mais de 29 milhões de pessoas saíram da pobreza entre 2003 e 2013. No entanto, o nível voltou a crescer entre 2014 e 2015, quando cerca de 4 milhões de pessoas ingressaram na pobreza. No mesmo período, a taxa de desemprego também voltou a subir, atingindo mais de 12 milhões de pessoas. E a situação é mais grave entre jovens e mulheres.
Diante de situações como essa, verificada também em outras partes do globo, inclusive em economias desenvolvidas, o Pnud recomenda aos países que adotem políticas públicas universais, afirmativas, que fortaleçam a proteção social e deem voz aos excluídos.
Desigualdade
Em termos globais, o Informe sobre Desenvolvimento Humano do Pnud aponta que, apesar de avanços mundiais, há ainda uma enorme quantidade de pessoas sendo deixada para trás, em todos os países, inclusive nos de alto desenvolvimento humano.
“Apesar dos progressos, as privações humanas persistem. Há grupos inteiros de pessoas sendo excluídos, o que exige um olhar cuidadoso para com os grupos vulneráveis. A própria situação das mulheres ainda é muito desigual”, afirmou a coordenadora do relatório de Desenvolvimento Humano brasileiro, Andréa Bolzon, destacando que os níveis de desigualdade em todo o mundo não param de aumentar.
“Temos um problema estrutural. A desigualdade tem aumentado no mundo inteiro. A impressão é que encontramos formas de aliviar os efeitos da pobreza e das privações, mas a desigualdade não está diminuindo, pois o ritmo com que a riqueza está sendo concentrada no topo da pirâmide é acelerado”, disse Andrea, lembrando que 46% de toda a riqueza global está nas mãos de apenas 1% da parcela mais rica da população mundial.
A partir de dados de diferentes entidades internacionais e organismos oficiais nacionais, o relatório do Pnud aponta que os “impressionantes progressos” em termos de desenvolvimento humano registrados nos últimos 25 anos não enriqueceram a população global em termos igualitários.
Cerca de 766 milhões de pessoas vivem com menos de US$ 1,90 por dia (o equivalente a cerca de R$ 5,90/dia).
Aproximadamente 385 milhões dessas pessoas são crianças (considerada a renda per capita familiar). Além disso, só nos países desenvolvidos há algo em torno de 300 milhões de pessoas consideradas pobres.
No mundo, os países que mais perderam posições no ranking entre 2010 e 2015 foram Líbia e Síria. Ruanda e Zimbábue foram os que mais cresceram no IDH no mesmo período.
Confira abaixo os 10 países melhores classificados na edição 2017 do Índice de Desenvolvimento Humano (incluindo dados de Japão e Brasil para nivelo de comparação):
1º Noruega
IDH: 0,949
Expectativa de vida no nascimento: 81,7 anos
Anos de escolaridade: 12,7
Expectativa de anos de escolaridade: 17,7
PIB per capita: 67.614 dólares
2º Austrália
IDH: 0,939
Expectativa de vida no nascimento: 82,5
Anos de escolaridade: 13,2
Expectativa de anos de escolaridade: 20,4
PIB per capita: 42.822 dólares
2º Suíça
IDH: 0,939
Expectativa de vida no nascimento: 83,1
Anos de escolaridade: 13,4
Expectativa de anos de escolaridade:16
PIB per capita: 56.364 dólares
4º Alemanha
IDH: 0,926
Expectativa de vida no nascimento: 81,1
Anos de escolaridade: 13,2
Expectativa de anos de escolaridade: 17,1
PIB per capita: 45.000 dólares
5º Dinamarca
IDH: 0,925
Expectativa de vida no nascimento: 80,4
Anos de escolaridade: 12,7
Expectativa de anos de escolaridade: 19,2
PIB per capita: 44.519 dólares
5º Singapura
IDH: 0,925
Expectativa de vida no nascimento: 83,2
Anos de escolaridade: 11,6
Expectativa de anos de escolaridade: 15,4
PIB per capita: 78.162 dólares
7º Holanda
IDH: 0,924
Expectativa de vida no nascimento: 81,7
Anos de escolaridade: 11,9
Expectativa de anos de escolaridade: 18,1
PIB per capita: 46.326 dólares
8º Irlanda
IDH: 0,923
Expectativa de vida no nascimento: 81,1
Anos de escolaridade: 12,3
Expectativa de anos de escolaridade: 18,6
PIB per capita: 43.798 dólares
9º Islândia
IDH: 0,921
Expectativa de vida no nascimento: 82,7
Anos de escolaridade: 12,2
Expectativa de anos de escolaridade: 19,0
PIB per capita: 37.065 dólares
10º Canadá
IDH: 0,920
Expectativa de vida no nascimento: 82,2
Anos de escolaridade: 13,1
Expectativa de anos de escolaridade :16,3
PIB per capita: 42.582 dólares
10º Canadá
IDH: 0,920
Expectativa de vida no nascimento: 82,2
Anos de escolaridade: 13,1
Expectativa de anos de escolaridade :16,3
PIB per capita: 42.582 dólares
10º Estados Unidos
IDH: 0,920
Expectativa de vida no nascimento: 79,2
Anos de escolaridade: 13,2
Expectativa de anos de escolaridade: 16,5
PIB per capita: 53.245 dólares
17º Japão*
IDH: 0,903
Expectativa de vida no nascimento: 83,7
Anos de escolaridade: 12,5
Expectativa de anos de escolaridade: 15,3
PIB per capita: 37.268 dólares
73º Brasil*
IDH: 0,754
Expectativa de vida no nascimento: 74,9
Anos de escolaridade: 7,8
Expectativa de anos de escolaridade: 15,2
PIB per capita: 14.145 dólares
*Para informações mais detalhadas, como dados dos 188 países avaliados, consulte a página do relatório do Pnud.
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