Japão e Brasil se posicionaram muito mal na edição 2016 do ranking mundial da liberdade de imprensa, um estudo que é compilado anualmente pela ONG Repórteres sem Fronteiras (RSF).
Divulgado na quarta-feira (20), o estudo mostra que não só no Japão e no Brasil, mas em todo o mundo, foi registrado um desempenho negativo sobre a liberdade de imprensa.
O ranking analisa 180 países com base em indicadores como pluralismo, independência dos meios, autocensura, transparência e infraestrutura. Uma vez levantados esses dados, é elaborado um índice para o nível de risco para o trabalho da imprensa –-quanto mais alto, mais perigoso.
A organização Repórteres sem Fronteiras avaliou que a liberdade de imprensa registrou uma degradação profunda e preocupante no mundo entre 2013 e 2016, chamando atenção à queda no índice que mede esse grau de liberdade dos jornalistas, que recuou 3,71%. A organização cita o aumento reflete a repressão em nações asiáticas e africanas.
Entre as causas que podem explicar essa “degradação”, dita pela RSF, estão os distúrbios políticos na Turquia e no Egito, além da tomada do controle de meios de comunicação, como por exemplo na Polônia, no qual o governo do país é dominado pelo partido ultraconservador que controla a mídia. No caso da Polônia, o país caiu 29 posições e no ranking desse ano está na 47ª posição.
A situação foi particularmente grave na América Latina, segundo o relatório, destacando a “violência institucional” na Venezuela e no Equador, o “crime organizado” em Honduras, a “impunidade” na Colômbia, a “corrupção” no Brasil e a “concentração da mídia” na Argentina como os principais obstáculos à liberdade de imprensa nos países latino-americanos.
Entre os 180 países que aparecem no estudo da RSF, a Finlândia está na liderança. No mapa, as nações estão divididas por cores: a cor branca são os que apresentam boa situação para a liberdade de imprensa, enquanto os que estão na cor preta são os países que se encontram em pior situação.
Este ano, as últimas posições estão centradas em países asiáticos, mais precisamente nações vizinhas do Japão. A China ficou em 176º lugar, inalterada em relação ao ranking de 2015, enquanto a Coreia do Norte e posicionou em penúltimo lugar (179ª), seguida pela Eritreia, na áfrica, última colocada no ranking. A Coreia do Sul caiu de 60º para 70º lugar.
O Japão caiu nove posições, de 61º para 72º no ranking atual. A causa da queda abrupta reflete a controversa lei de proteção aos segredos de Estado, recém regulamentada, na qual estipula duras penalidades contra vazamentos de informações do governo designadas como confidenciais.
A organização também aponta a postura rígida do governo do primeiro-ministro Shinzo Abe contra os meios de comunicação, citando mais especificamente o ministro das Comunicações, Sanae Takaichi, que ameaçou emitir ordem de suspensão das atividades de uma radiodifusora por considerar que a mesma mostrava uma postura “politicamente tendenciosa”.
“Muitas organizações da mídia japonesa, incluindo a emissora pública ‘NHK’, têm recebido restrições do governo do primeiro-ministro Shinzo Abe”, observou um representante da RSF, que tem sede em Paris.
Enquanto isso, o Brasil despencou cinco posições e ocupa agora o 104º lugar, atrás de países como Uganda, Líbano, Serra Leoa e Nicarágua. “Com ameaças, ataques físicos durante protestos e assassinatos, o Brasil é um dos países mais violentos e perigosos para jornalistas”, diz o relatório.
Segundo Emanuel Colombié, chefe do departamento da RSF, o Brasil obteve uma queda na vigilância de imprensa, gerando um aumento de violência contra jornalistas, principalmente o aumento de ameaças.
“Houve sete assassinatos de jornalistas no Brasil durante o ano passado. É um ambiente de medo para os jornalistas, sobretudo os jornalistas independentes, blogueiros, que se encontram longe das capitais e que ficam visados quando investigam sobre tráfico de drogas, por exemplo”, disse Colombié.
A pesquisa da Repórteres Sem Fronteira aponta ainda que o clima de desconfiança em relação aos jornalistas aumentaram com a recessão econômica e a instabilidade política que o país está atravessando.
O Brasil é o terceiro país mais mortífero das Américas, atrás apenas do México e de Honduras. Todos os sete jornalistas assassinados investigavam temas sensíveis, como a corrupção local ou o crime organizado.
Confira abaixo os 10 países melhores colocados:
1º. Finlândia
2º. Holanda
3º. Noruega
4º. Dinamarca
5º. Nova Zelândia
6º. Costa Rica
7º. Suíça
8º. Suécia
9º. Irlanda
10º. Jamaica
Fontes: Agência Kyodo | Agência AFP.
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