Japão e Brasil despencam no ranking de liberdade de imprensa no mundo

Japão caiu nove posições e Brasil desceu cinco no estudo que avalia indicadores como a independência dos meios, autocensura, transparência, entre outros…
Jornalistas Foto Stockvault 900x600 21 04 2016

Japão e Brasil se posicionaram muito mal na edição 2016 do ranking mundial da liberdade de imprensa, um estudo que é compilado anualmente pela ONG Repórteres sem Fronteiras (RSF).

Divulgado na quarta-feira (20), o estudo mostra que não só no Japão e no Brasil, mas em todo o mundo, foi registrado um desempenho negativo sobre a liberdade de imprensa.

O ranking analisa 180 países com base em indicadores como pluralismo, independência dos meios, autocensura, transparência e infraestrutura. Uma vez levantados esses dados, é elaborado um índice para o nível de risco para o trabalho da imprensa –-quanto mais alto, mais perigoso.

A organização Repórteres sem Fronteiras avaliou que a liberdade de imprensa registrou uma degradação profunda e preocupante no mundo entre 2013 e 2016, chamando atenção à queda no índice que mede esse grau de liberdade dos jornalistas, que recuou 3,71%. A organização cita o aumento reflete a repressão em nações asiáticas e africanas.

Entre as causas que podem explicar essa “degradação”, dita pela RSF, estão os distúrbios políticos na Turquia e no Egito, além da tomada do controle de meios de comunicação, como por exemplo na Polônia, no qual o governo do país é dominado pelo partido ultraconservador que controla a mídia. No caso da Polônia, o país caiu 29 posições e no ranking desse ano está na 47ª posição.

A situação foi particularmente grave na América Latina, segundo o relatório, destacando a “violência institucional” na Venezuela e no Equador, o “crime organizado” em Honduras, a “impunidade” na Colômbia, a “corrupção” no Brasil e a “concentração da mídia” na Argentina como os principais obstáculos à liberdade de imprensa nos países latino-americanos.

Entre os 180 países que aparecem no estudo da RSF, a Finlândia está na liderança. No mapa, as nações estão divididas por cores: a cor branca são os que apresentam boa situação para a liberdade de imprensa, enquanto os que estão na cor preta são os países que se encontram em pior situação.

Mapa do estudo Liberdade de Imprensa no Mundo em 2016 (Foto: Divulgação/RSF)
Mapa do estudo Liberdade de Imprensa no Mundo em 2016 (Foto: Divulgação/RSF)

Este ano, as últimas posições estão centradas em países asiáticos, mais precisamente nações vizinhas do Japão. A China ficou em 176º lugar, inalterada em relação ao ranking de 2015, enquanto a Coreia do Norte e posicionou em penúltimo lugar (179ª), seguida pela Eritreia, na áfrica, última colocada no ranking. A Coreia do Sul caiu de 60º para 70º lugar.

O Japão caiu nove posições, de 61º para 72º no ranking atual. A causa da queda abrupta reflete a controversa lei de proteção aos segredos de Estado, recém regulamentada, na qual estipula duras penalidades contra vazamentos de informações do governo designadas como confidenciais.

A organização também aponta a postura rígida do governo do primeiro-ministro Shinzo Abe contra os meios de comunicação, citando mais especificamente o ministro das Comunicações, Sanae Takaichi, que ameaçou emitir ordem de suspensão das atividades de uma radiodifusora por considerar que a mesma mostrava uma postura “politicamente tendenciosa”.

“Muitas organizações da mídia japonesa, incluindo a emissora pública ‘NHK’, têm recebido restrições do governo do primeiro-ministro Shinzo Abe”, observou um representante da RSF, que tem sede em Paris.

Enquanto isso, o Brasil despencou cinco posições e ocupa agora o 104º lugar, atrás de países como Uganda, Líbano, Serra Leoa e Nicarágua. “Com ameaças, ataques físicos durante protestos e assassinatos, o Brasil é um dos países mais violentos e perigosos para jornalistas”, diz o relatório.

Segundo Emanuel Colombié, chefe do departamento da RSF, o Brasil obteve uma queda na vigilância de imprensa, gerando um aumento de violência contra jornalistas, principalmente o aumento de ameaças.

“Houve sete assassinatos de jornalistas no Brasil durante o ano passado. É um ambiente de medo para os jornalistas, sobretudo os jornalistas independentes, blogueiros, que se encontram longe das capitais e que ficam visados quando investigam sobre tráfico de drogas, por exemplo”, disse Colombié.

A pesquisa da Repórteres Sem Fronteira aponta ainda que o clima de desconfiança em relação aos jornalistas aumentaram com a recessão econômica e a instabilidade política que o país está atravessando.

O Brasil é o terceiro país mais mortífero das Américas, atrás apenas do México e de Honduras. Todos os sete jornalistas assassinados investigavam temas sensíveis, como a corrupção local ou o crime organizado.

Confira abaixo os 10 países melhores colocados:
1º. Finlândia
2º. Holanda
3º. Noruega
4º. Dinamarca
5º. Nova Zelândia
6º. Costa Rica
7º. Suíça
8º. Suécia
9º. Irlanda
10º. Jamaica

Fontes: Agência Kyodo | Agência AFP.

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