Do Mundo-Nipo com Agências
O dólar avançou ante o real pela quarta sessão consecutiva nesta segunda-feira (22), fechando próximo ao patamar de R$ 2,40 em meio a preocupações com a cena eleitoral no Brasil e com o persistente “silêncio” do Banco Central, que por ora não anunciou reforço nas intervenções cambiais a despeito da disparada de quase 7% do dólar ante o real neste mês, o que tem dado margem para todo tipo de especulação no mercado.
A moeda norte-americana encerrou o dia com valorização de 0,91%, cotada a US$ 2,3944 na venda. É o maior valor de fechamento em sete meses, desde 18 de fevereiro, quando a moeda encerrou a R$ 2,398. Segundo dados da BM&F, o movimento financeiro ficou em torno de US$ 1,2 bilhão. Com o resultado de hoje, a moeda já acumula alta de 6,94% apenas em setembro.
Dúvidas sobre quando os juros norte-americanos começarão a subir e sobre o cenário eleitoral brasileiro têm impulsionado a moeda dos EUA nas últimas semanas, alimentando expectativas de que o BC brasileiro poderia aumentar a rolagem de swaps cambiais, que equivalem a venda futura de dólares, para tentar segurar a escalada da moeda. De acordo com a agência de notícias Reuters, essas expectativas, contudo, vêm perdendo força à medida que o BC mantém suas ofertas diárias, levando o mercado a testar novos limites.
Já se comenta que o “silêncio” do BC poderia estar relacionado ao debate em torno de sua autonomia, algo que tem sido utilizado pelos dois principais candidatos da oposição como arma contra o que seria um intervencionismo excessivo da presidente Dilma Rousseff (PT) sobre a instituição, de acordo com o Valor Online.
Dessa forma, o BC passaria uma mensagem de que já possui essa autonomia, tanto que estaria deixando a taxa de câmbio se depreciar faltando apenas duas semanas para o primeiro turno das eleições presidenciais, apesar dos custos políticos embutidos.
Ainda de acordo com o Valor Online, outra leitura, contudo, vai na contramão, e sugere que o BC está agindo assim justamente pela perda de autonomia. O operador de câmbio de um banco estrangeiro lembra matéria publicada na edição de domingo do jornal “O Estado de S.Paulo”, segundo a qual a presidente Dilma Rousseff (PT) reconheceria a necessidade de deixar o real se desvalorizar mais para injetar competitividade na indústria, segundo um conselheiro presidencial. “A postura da Dilma sobre o câmbio parece estar se alinhando a dos outros candidatos. Deve ser por isso que o BC está deixando [o dólar] andar mais”, afirma.
Intervenções do Banco Central
Investidores aguardam as próximas pesquisas de intenção de votos para a presidência. A variação do dólar também reflete conversas sobre possível aumento da intervenção do Banco Central no câmbio. “Essa ausência do BC está deixando o mercado confuso, mas a expectativa ainda é que, se o dólar continuar nesses patamares, ele aumente as rolagens”, afirmou o operador de câmbio da corretora Intercam Glauber Romano.
Até agora, o Banco Central continuou vendendo a oferta de até 6 mil contratos no processo de rolagem do lote que vence em 1º de outubro. Ao todo, o BC já rolou pouco menos de 50% do lote total, que corresponde a US$ 6,677 bilhões. Pela manhã, o banco vendeu a oferta total de até 4 mil swaps (que equivalem à venda futura de dólares) pelas atuações diárias, todos com vencimento em 1º de junho de 2015 e volume equivalente a US$ 198,3 milhões.
*As cotações são da Agência Thomson Reuters.
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