Do Mundo-Nipo com Agências
O dólar fechou perto da estabilidade frente ao real nesta segunda-feira (23), após superar R$ 2,90 pela primeira vez em mais de 10 anos na máxima da sessão, reagindo às declarações do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, e ao alívio na aversão a risco no exterior. Com isso, a alta vista pela manhã foi contida após ação de exportadores e de operações de realização de lucros depois dos ganhos recentes.
A moeda norte-americana encerrou o dia com leve valorização de 0,01%, cotada a R$ 2,8792 na venda, após chegar a R$ 2,9046 na máxima da sessão, o maior valor intradia desde setembro de 2004.
Segundo dados da BM&F, o movimento financeiro ficou em torno de R$ 859 milhões. Na sexta-feira, o volume atingiu US$ 1,1 bilhão.
No exterior, investidores operam com cautela aguardando a entrega das propostas de reforma pelo governo da Grécia amanhã ao Eurogrupo (que reúne os ministros das Finanças da zona do euro). Na sexta-feira, o governo da Grécia concordou em estender o plano de resgate por mais quatro meses, essencial para garantir a solvência e liquidez dos bancos gregos e evitar a saída do país da zona do euro.
As atenções também voltavam-se para a política monetária norte-americana. Na semana passada, a ata da última reunião do Federal Reserve chegou a trazer alívio ao câmbio, sugerindo que o banco central dos EUA poderia não dar início ao aperto monetário em junho, mas parte do mercado interpretou que o documento estava defasado por não refletir os mais recentes indicadores econômicos.
Amanhã, a chair do Fed, Janet Yellen, falará a um comitê do Senado, em um pronunciamento que pode trazer mais clareza sobre as perspectivas para o aumento de juros na maior economia do mundo, que poderia atrair para fora do Brasil recursos externos.
Pela manhã, a moeda americana chegou a subir na esteira de fluxo negativo e forte demanda corporativa, especialmente por parte de uma grande empresa estatal, e a cautela no exterior após o rebaixamento pela Moody’s do “rating” soberano da Rússia para grau especulativo.
No entanto, após o rompimento da resistência de R$ 2,90, o mercado ficou posicionado para uma realização de lucros, que veio com declarações do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, e com dados piores que o esperado do mercado imobiliário nos Estados Unidos. As vendas de imóveis residenciais usados caíram 4,9% em janeiro ante dezembro, contra uma previsão do mercado de um recuo de 1,2%.
Em evento em São Paulo, Levy reiterou que a presidente Dilma Rousseff se comprometeu com um superávit primário de 1,2% do PIB em 2015, e que é necessário rever a política anticíclica adotada nos últimos anos, bem como os benefícios fiscais, que hoje têm um custo muito alto de R$ 100 bilhões.
O ministro da Fazenda ainda destacou que Banco Central brasileiro tem procurado trazer estabilidade para a moeda, mas, no mundo, o câmbio tem sido muito volátil. “O BC tem estado atento para diminuir a volatilidade. O programa de swaps tem o objetivo de diminuir a volatilidade, não de guiar a taxa de câmbio.”
Para o diretor de gestão de recursos da Ativa Corretora, Arnaldo Curvello, o ponto de preocupação do mercado não é a disposição do ministro Levy em tomar medidas mais duras, mas sim o espaço dado a ele. “O investidor vê com muita desconfiança essa fragilidade do governo. Medidas duras já são difíceis para um governo com mais capital político, imagina com um governo com menos apoio até da própria base”, afirma.
Apesar da forte alta do dólar em fevereiro, que sobe 7,03% no mês, o BC não anunciou nenhuma medida adicional e tem prosseguido com a rolagem dos contratos de swap e da venda de contratos prevista no programa de intervenção diária no mercado de câmbio.
Atuação do Banco Central no câmbio
Nesta manhã, o BC vendeu a oferta total de até 2 mil swaps cambiais, que equivalem a venda futura de dólares, pelas atuações diárias. Foram vendidos 100 contratos para 1º de dezembro de 2015 e 1.900 para 1º de fevereiro de 2016.
O BC também vendeu a oferta integral de até 13 mil swaps para rolagem dos contratos que vencem em 2 de março, equivalentes a US$ 10,438 bilhões. Ao todo, a autoridade monetária já rolou cerca de 79% do lote total.
(Com informações das Agências Reuters e Valor Online)
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