Dólar fecha em alta após acumular queda de quase 2,5% em duas sessões

Incertezas políticas e econômicas no Brasil e instabilidade nos preços do petróleo levaram o dólar a subir frente ao real.
Dolar Foto StockVault 900x600 23 02 2016
Foto: Stockvault

O dólar fechou em alta frente ao real nesta terça-feira (23), interrompendo dois pregões seguidos de desvalorização, nos quais acumulava perdas de 2,5%. Segundo a agência de notícias ‘Reuters’, a sessão de hoje refletiu as incertezas políticas e econômicas no Brasil, enquanto, no exterior, a trajetória da moeda americana era ditada pela volatilidade nos preços do petróleo, o que limitou o apetite por ativos de maior risco nos mercados globais.

A moeda norte-americana subiu 0,32%, cotada a R$ 3,9627 na venda, após chegar a R$ 3,9390 na mínima e R$ 3,9818 reais na máxima da sessão. Com isso, o dólar acumula queda de 1,53% em fevereiro. No ano, porém, há valorização de 0,37%.

No cenário local, alguns investidores acreditavam que a prisão do marqueteiro João Santana teria aumentado a chance de cassação dos mandatos da presidente Dilma Rousseff (PT) e do vice-presidente Michel Temer (PMDB), o que ajudava a limitar o avanço da moeda norte-americana. Santana participou das duas campanhas de Dilma e na reeleição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, conforme noticiou a ‘Reuters’.

Muitos operadores descontentes com o governo de Dilma têm reagindo positivamente a notícias que aumentam a chance de seu afastamento. Alguns ressaltavam, porém, que eventual mudança no governo pode não resultar em um quadro favorável à aprovação de medidas de austeridade fiscal, que julgam necessárias para resgatar a confiança dos investidores.

Ainda de acordo com a ‘Reuters’, a consultoria Eurasia Group manteve sua estimativa de chance de 40% de Dilma não concluir seu mandato. Dentro desta margem, porém, passou a ver chances iguais de isso acontecer via cassação ou via impeachment, sendo que antes via chances maiores de impeachment.

Déficit em transações correntes do Brasil
O Brasil registrou déficit em transações correntes de U$ 4,817 bilhões janeiro, 60,4% menor sobre igual mês de 2015, movimento ditado, sobretudo, pela balança comercial, menores gastos com viagens internacionais e remessas de lucros em meio ao cenário de recessão cada vez mais intensa, segundo dados divulgados hoje pelo Banco Central

O resultado foi inteiramente coberto pelos Investimentos Diretos no País (IDP), que somaram US$ 5,455 bilhões no mês. O déficit foi também o menor para janeiro desde 2010, início da série histórica do Banco Central.

Para fevereiro, o BC projeta que o déficit em transações correntes no país ficará em cerca de US$ 1,5 bilhão e o IDP em US$ 4,5 bilhões.

“Nossa projeção de déficit em transações correntes para 2016 já está se mostrando conservadora”, afirmou o chefe do departamento Econômico do BC, Tulio Maciel.

Atuações do Banco Central
Nesta manhã, o BC promoveu mais um leilão de rolagem dos swaps que vencem em março, vendendo a oferta total de 11,9 mil contratos. Ao todo, a autoridade monetária já rolou US$ 8,125 bilhões, ou cerca de 80% do lote total, que equivale a US$ 10,118 bilhões.

Cenário externo
Após subirem nas últimas sessões, os preços do petróleo recuaram nesta sessão em meio a dúvidas de que o possível congelamento da produção global alivie a sobreoferta global. Notícias de que o ministro do Petróleo do Irã chamou o congelamento de “ridículo” também pressionavam os preços.

Com os preços do petróleo em queda e sem novas notícias com poder para manter o apetite do investidor por risco, predominou a busca por ativos seguros, como os títulos do Tesouro dos EUA, cujas taxas recuaram. O dólar reagiu com alta frente à maioria das moedas de países emergentes e exportadores de petróleo, entre eles o real, com reflexo de alta também no mercado futuro de juros.

Fontes: Agência Estado | Agência Reuters.

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