O governo do Japão lançou na sexta-feira (24) a campanha “Premium Friday” (Sextas-Feiras Prêmio”), criada com o objetivo de combater o excesso de tempo passado no trabalho, um problema que está enraízado na cultura do país e que vem provocando, até mesmo, a morte de muitos trabalhadores no país.
A campanha “Premium Friday” incentiva as empresas a dispensarem seus funcionários algumas horas antes na última sexta-feira de todo mês. Uma iniciativa visa ainda fortalecer a estagnada economia japonesa, já os trabalhadores terão um tempinho extra para gastar dinheiro em compras e lazer.
A iniciativa, contudo, é parte de uma ofensiva mais ampla do governo do primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, para reduzir as horas de trabalho depois que o suicídio de uma funcionária da agência de publicidade Dentsu, por excesso de trabalho (denominado no Japão por Karoshi), despertou uma atenção negativa ao problema das horas extras excessivas, algo profundamente enraizado no Japão.
“As horas de trabalho excessivas se tornaram um grande problema”, reconheceu Etsuko Tsugihara, executiva-chefe da empresa de relações públicas Sunny Side Up Inc.
“Estávamos pensando em maneiras de aprimorar nosso próprio ambiente de trabalho quando o governo surgiu com a “Premium Friday”, e achamos uma boa ideia.”
Como incentivo adicional, ela disse que a Sunny Side Up irá conceder a seus empregados um pagamento único equivalente a 28 dólares para que eles encerrem o expediente perto das 15h, e que a companhia irá se beneficiar do ponto de vista da produtividade.
“Em indústrias criativas como a nossa, a inspiração não virá só por se ficar no escritório por um longo tempo. Mas tire algum tempo livre, respire novos ares e veja coisas novas e as ideias virão, e você estará renovado quando voltar na segunda-feira”, disse.
Além de aliviar o fardo pessoal sobre os funcionários, o governo está pensando na economia.
Como a mão de obra qualificada está encolhendo juntamente com a população, Tóquio quer que as empresas diminuam as horas para incentivar mais mulheres a trabalhar e fazer com que os pais se envolvam mais na criação dos filhos. Mais horas de lazer também devem significar mais tempo entre os lençóis para aumentar a taxa de natalidade.
Números oficiais do governo indicam que os trabalhadores fazem mais de 80 horas extra por mês em cerca de um quarto das companhias japonesas.
Além disso, foram registrados 1.456 pedidos formais de indenização por “karoshi” nos doze meses anteriores a março de 2015. Trabalhadores nas áreas da saúde, assistência social e construção civil estão entre os maiores atingidos.
Fontes: Agência Reuters | EuroNews.
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