Do Mundo-Nipo com Agências
O dólar fechou em queda nesta terça-feira (24), marcando o terceiro pregão seguido de desvalorização em mais um dia de volatilidade, com investidores ponderando as declarações do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, sobre o programa de intervenções no câmbio. As negociações de hoje foram influenciadas ainda pela decisão, na véspera, da agência de classificação de risco S&P em manter a nota soberana do Brasil em “BBB-“.
A moeda norte-americana encerrou o dia em baixa de 0,57%, cotada a R$ 3,1275 na venda. Na mínima da sessão, a divisa chegou a recuar 1,68% e, na máxima, subiu 0,89%. Segundo dados da BM&F, o movimento ficou em torno de U$ 700 milhões.
Na sessão anterior, a moeda norte-americana recuou 2,63%, a maior queda percentual diária desde 18 de setembro de 2013, a R$ 3,145. Nas três últimas sessões, a divisa acumulou queda de 5,13%.
A participação de Tombini em audiência da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado ocupou o centro das atenções. O presidente do Banco Central afirmou que o programa de intervenções no câmbio é importante em um momento de normalização da política monetária norte-americana, mas ao mesmo tempo repetiu que o atual estoque de swaps cambiais já dá conta da demanda por proteção cambial.
A maior parte dos agentes financeiros consultados pela Reuters acredita que a interpretação mais plausível é que o BC pretende acabar com as intervenções diárias no câmbio, mas rolar integralmente os contratos que vencerão nos próximos meses. Mas essa avaliação não vinha sem uma boa dose de dúvidas.
O operador Jefferson Luiz Rugik, da corretora Correparti, viu nas declarações uma “dualidade”.
Combinados com o dado de recuperação dos preços ao consumidor norte-americano em fevereiro, que colocou de volta na mesa a possibilidade de uma alta de juros nos EUA em junho, esses ruídos levaram o dólar a anular a queda vista no início da sessão e passar a operar em alta ante o real.
Mais tarde, contudo, o dólar voltou a cair, após Tombini afirmar que o BC poderia manter o nível atual de swaps cambiais em circulação, equivalente a cerca de US$ 115 bilhões, por “dez, vinte anos”.
“O mercado está muito sensível, então qualquer frase mais direta acaba fazendo um estrago”, disse um operador de uma corretora internacional.
O mercado digeriu ainda a decisão de segunda-feira da agência de classificação de risco S&P, divulgada após o fechamento do câmbio à vista, de afirmar a nota soberana do Brasil em “BBB-“, com perspectiva estável, citando as mudanças na condução da política econômica no segundo mandato da presidente Dilma Rousseff.
O mercado futuro de câmbio, que continuava em atividade, ainda reagiu à notícia da S&P, com o primeiro contrato de dólar ampliando as perdas e fechando com queda de 3,05%, na mínima.
“É um voto de confiança no governo em um momento em que o mercado estava com medo de o Brasil perder o grau de investimento”, disse o superintendente de câmbio da corretora Tov, Reginaldo Siaca.
Atuação do Banco Central no câmbio
Nesta manhã, o BC deu continuidade às intervenções diárias no câmbio, vendendo a oferta total de até 2 mil swaps cambiais. Todos os contratos vendidos vencem em 1º de dezembro de 2015. Também foram ofertados contratos para 1º de março de 2016, mas nenhum foi colocado.
A autoridade monetária também vendeu a oferta integral no leilão de rolagem dos swaps que vencem em 1º de abril. Até agora, rolou cerca de 61% do lote total, que corresponde a US$ 9,964 bilhões.
(Com informações da agência Reuters)
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