Dólar sobe mais de 1% após Moody’s rebaixar rating da Petrobras

A alta vem após a moeda dos EUA recuar mais de 1,5% na véspera.

Do Mundo-Nipo com Agências

O dólar fechou em alta de mais de 1% ante o real nesta quarta-feira (25), após a agência internacional de classificação de risco Moody’s rebaixar todos os ratings da dívida da Petrobras, que também perdeu o grau de investimento, piorando a perspectiva de recuperação econômica do país.

A moeda norte-americana encerrou o dia com valorização de 1,22%, cotada a R$ 2,8681 na venda, após cair mais de 1,5% na véspera. Segundo dados da BM&F, o movimento financeiro ficou em torno de US$ 1,4 bilhão.

No exterior, o dólar operava em queda frente às principais divisas com a redução da aversão ao risco após a aprovação da extensão do plano de resgate da Grécia ontem e também declarações da presidente do Federal Reserve, que sinalizaram que o a autoridade monetária americana não tem pressa para subir a taxa de juros, que deve permanecer estável pelo menos nas próximas duas reuniões.

No Brasil, o pessimismo do mercado foi puxado pelo rebaixamento da Petrobras. Na noite passada, a Moody’s rebaixou os ratings da estatal brasileira para “Ba2”, contra “Baa3”, citando investigações sobre corrupção e pressões de liquidez que podem resultar no atraso da divulgação das demonstrações financeiras auditadas. Além disso, a agência manteve a classificação da Petrobras em revisão para novo rebaixamento.

Até recentemente considerada a maior e mais prestigiosa empresa brasileira, a Petrobras se encontra mergulhada em um enorme escândalo deflagrado por uma série de denúncias de corrupção. A presidente Dilma, ao comentar a decisão da agência, afirmou que rebaixar os títulos da Petrobras é “falta de conhecimento”.

Com a queda na avaliação dos papéis da estatal, as ações tiveram uma forte queda nesta quarta, chegando a 8%.

Esta é a quarta vez que a Moody’s degrada as classificações da dívida da Petrobras desde outubro. A agência já advertiu que irá colocá-las em revisão para a eventualidade de nova redução.

A restrição do acesso da Petrobras ao mercado internacional aumenta a preocupação com a necessidade de um aporte do governo para capitalizar a empresa, o que teria implicação para o custo fiscal.

Para o chefe de pesquisa para mercados emergentes da Tandem Global Partners e ex-diretor de Assuntos Internacionais do BC, Paulo Vieira da Cunha, um dos motivos para o rating soberano do Brasil ainda não ter sido rebaixado é o fato do país ter uma dívida externa pequena, que somava US$ 42,27 bilhões em dezembro, e um volume de reservas internacionais suficiente para cobri-la, que soma hoje US$ 371,89 bilhões.

No entanto, Cunha chama a atenção para o aumento do endividamento externo das empresas privadas brasileiras e a pressão de alta sobre o dólar não deixa espaço para o Banco Central do Brasil encerrar as atuações no mercado de câmbio, devendo prorrogar o programa de venda diária de swaps cambiais. “É importante que haja uma desvalorização do real, porque há um déficit externo que é insustentável, mas a rápida velocidade desse ajuste pode forçar o BC a ter de renovar o programa de intervenção”, afirma.

Para Cunha, o dólar pode ultrapassar temporariamente o nível de R$ 3, mas depois deve voltar para esse patamar. “Acho que esse nível é sustentável e vai contribui para o ajuste das contas externas, dependendo da inflação”, afirma.

Atuação do Banco Central no câmbio
No Brasil, o Banco Central manteve seu programa de intervenções no mercado de câmbio. Nesta manhã, foram vendidos 2.000 contratos de swap cambial tradicional (equivalentes à venda futura de dólares): 500 com vencimento em 1º de dezembro deste ano e os outros 1.500 para 1º de fevereiro do ano que vem.

O BC também realizou mais um leilão para rolar os contratos que vencem em 2 de março. Foram vendidos 13 mil contratos: 3.100 com vencimento em 1º de abril de 2016 e os outros 9.900 para 1º de junho do ano que vem. Ao todo, o BC já rolou o equivalente a US$ 9,454 bilhões, ou cerca de 91% do lote total, correspondente a US$ 10,438 bilhões.

(Com informações das Agências Reuters e Valor Online)

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