Em uma tentativa de prolongar seu mandato, o primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, anunciou nesta segunda-feira (25) a antecipação de eleições legislativas, uma decisão que ocorre em um contexto de forte tensão com a Coreia do Norte. Abe informou ainda que dissolverá a Câmara Baixa do Parlamento na próxima quinta-feira.
“Dissolverei a Câmara dos Representantes em 28 de setembro”, afirmou Abe, durante uma entrevista coletiva em Tóquio. A medida automaticamente provoca eleições antecipadas em um prazo máximo de 40 dias.
O primeiro-ministro disse que a decisão de fazer uma eleição rápida não distrairia o governo de responder às ameaças norte-coreanas, comprometendo-se a aumentar a pressão se Pyongyang não conseguisse travar seu desenvolvimento de mísseis e armas nucleares.
A dissolução será pronunciada no dia da abertura de uma sessão extraordinária do Parlamento e as eleições devem acontecer em 22 de outubro.
Abe justificou a decisão repentina por seu desejo de expor a gestão da economia à aprovação dos eleitores. Ele propõe um novo plano de incentivo econômico de 2 trilhões de ienes (R$ 56 bilhões) até o fim do ano, a gratuidade de parte da escolaridade e outros dispositivos financeiros, o que afasta a perspectiva de saneamento das finanças públicas.
O primeiro-ministro reafirmou igualmente sua posição a respeito de Pyongyang. “Devemos utilizar todos os meios para aumentar ao máximo a pressão sobre a Coreia do Norte”, disse.
Há alguns dias, ele afirmou na ONU que não era tempo de diálogo. Mas no Japão há dúvidas sobre o momento da convocação das eleições antecipadas, já que o período de campanha eleitoral pode criar um “vazio político” que o regime norte-coreano poderia aproveitar.
A oposição e vários analistas denunciam uma decisão arbitrária com objetivos ocultos, entre eles o cálculo de Abe de aproveitar o aumento de sua aprovação entre a opinião pública com sua posição de firmeza ante os repetidos disparos de mísseis e testes nucleares de Pyongyang.
A Coreia do Norte lançou dois mísseis balísticos e testou o que provavelmente era uma bomba de hidrogênio nas últimas semanas, levando tensão ao leste asiático.
As taxas de aprovação de Abe voltaram a 50% em algumas pesquisas, ajudadas por temores públicos sobre o míssil e testes nucleares da Coreia do Norte, além do caos no opositor Partido Democrata, que tem lutado com deserções e índices de apoio de um único dígito.
As avaliações da Abe caíram para menos de 30% em algumas pesquisas em julho. Isso aconteceu por suspeitas de escândalos de favorecimento de amigos e uma percepção de que ele teria se tornado arrogante depois de mais de quatro anos no cargo.
Sua popularidade se recuperou um pouco após uma reforma do gabinete no início de agosto e, desde então, tem sido ajudada por preocupações acerca da volátil Coreia do Norte que, no último dia 15, disparou um míssil balístico sobre o Japão, em seu segundo movimento em menos de um mês.
Dado que não há necessidade de uma eleição geral até o final de 2018, uma votação antecipada poderia suscitar críticas a Abe por criar um vácuo político em um momento de crescentes tensões sobre a segurança regional.
No entanto, uma votação antecipada não apenas tiraria vantagem das desavenças do Partido Democrático, mas poderia também reduzir o desafio representado por um partido embrionário que aliados da popular governadora de Tóquio, Yuriko Koike, estão tentando formar.
Do G1 com Agências Internacionais.