Do Mundo-Nipo com Agências
Depois de subir quase 2,5% na véspera, o dólar fechou em queda ante o real nesta quinta-feira (26), marcando mais um dia de volatilidade em um mercado sensível a fluxos pontuais, pressionado pela venda da moeda por parte de investidores estrangeiros e pela perspectiva de que o Banco Central deve seguir com o ciclo de aperto monetário.
A moeda norte-americana encerrou o dia em baixa de 0,39%, cotada a R$ 3,1909 na venda. A divisa chegou a recuar 0,96% na mínima da sessão, e subir 0,66% na máxima. Segundo dados da BM&F, o movimento financeiro ficou em torno de U$ 2 bilhões.
Na sessão anterior, o dólar encerrou com alta de 2,42%. Com o resultado de hoje, a moeda acumula queda de 1,21% na semana. No mês, porém, há valorização de 11,7%.
Agentes financeiros consultados pela Agência Reuters citaram operações cambiais relevantes para explicar o sobe e desce da divisa ao longo da manhã. Era unânime a opinião de que o impacto dessas transações foi exacerbado pela elevada volatilidade que vem permeando o mercado nas últimas sessões, reforçada pela decisão do Banco Central.
“É possível que a volatilidade diminua em alguns dias, mas por enquanto, o mercado está muito sensível. Qualquer operação faz preço”, disse à Reuters o superintendente de câmbio da corretora Intercam, Jaime Ferreira.
Investidores também monitoraram a firme alta dos rendimentos dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos nesta sessão, que levou o dólar a subir contra boa parte das moedas emergentes. O movimento dos Treasuries veio após leilão de notas de sete anos do governo dos EUA apresentar demanda fraca.
Hoje o dólar subiu frente às principais divisas após a divulgação de dados melhores que o esperado nos Estados Unidos, que reforçaram as apostas de que o Federal Reserve pode começar a subir a taxa de juros em junho.
Os pedidos de auxílio-desemprego caíram para 282 mil na semana passada, mostrando um recuo maior que o esperado pelo mercado, que era de 290 mil.
No cenário interno, a perspectiva de que o Banco Central deve seguir com o ciclo de aperto monetário e o atual patamar do câmbio têm tornado os ativos no mercado brasileiro mais atrativos para os investidores estrangeiros, atraindo recursos para o mercado local.
De acordo com a agência Valor Online, operadores relataram ter verificado hoje a venda de dólares por parte de investidores estrangeiros, que buscaram realizar parte do lucro com as posições compradas, com o dólar no patamar de R$ 3,19.
Já a perspectiva de continuidade do ciclo de aperto monetário foi reforçada pelo Relatório Trimestral de Inflação (RTI) e pelos comentários do diretor de Política Econômica e Assuntos Internacionais do BC, Luiz Awazu Pereira.
No RTI, o Banco Central destacou que os avanços no combate à inflação não se mostram suficientes para fazer a inflação convergir para o centro da meta, de 4,5%, em 2016. Logo depois, ao comentar o RTI, Awazu disse que a política monetária está e continuará vigilante para assegurar convergência da inflação à meta em 2016.
Apesar da atividade econômica fraca dar suporte ao processo de encerramento do ciclo de alta da taxa Selic, os investidores ainda veem a necessidade de uma extensão do ciclo de aperto monetário dado às expectativas inflacionárias ainda altas e o risco de uma desvalorização maior da taxa de câmbio. No seu cenário de referência, o BC considerou a taxa de câmbio constante em R$ 3,15 até o primeiro trimestre de 2017, mas há riscos tanto no cenário interno quanto no externo.
Atuações do Banco Central no câmbio
Nesta manhã, o BC brasileiro deu continuidade às intervenções diárias vendendo a oferta total de até 2 mil swaps, com volume equivalente a US$ 97,8 milhões. Foram vendidos 1.200 contratos para 1º de dezembro de 2015 e 800 para 1º de março de 2016.
O BC também vendeu a oferta total de até 7,4 mil swaps cambiais na rolagem dos contratos que vencem em 1º de abril. Ao todo, a autoridade monetária já rolou o equivalente a US$ 6,389 bilhões, ou cerca de 68% do lote total, correspondente a US$ 9,964 bilhões.
(Com informações da agência Reuters)
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