Com Black Friday, comércio espera levar brasileiros às compras

Os varejistas estão dispostos a oferecer promoções “agressivas” para atrair o consumidor e assim driblar a crise no comércio brasileiro.

O ano de 2015 tem sido difícil para o comércio brasileiro. Mesmo as tradicionais datas de movimento alto seguiram decepcionantes, com queda nas vendas pela primeira vez em muitos anos. Varejistas, no entanto, nutrem expectativas positivas de uma reviravolta com as festas de final de ano e estão de olho em uma data que vinha mostrando um desempenho cada vez mais forte, ou seja, a Black Friday, que acontece nesta sexta-feira (27).

Criado dos Estados Unidos, o dia de cortes generosos nos preços foi adotado em outros países, como Reino Unido, Austrália, México, Romênia, Costa Rica, Alemanha, Áustria e Suíça, e introduzido no Brasil há cinco anos. Seu volume de vendas vem crescendo rapidamente desde então.

Mas como será neste momento de recessão e cenário sombrio no comércio brasileiro? A ideia do dia de “superdescontos” terá força para convencer o brasileiro a finalmente ir às compras?

O Dia das Mães não registrava uma queda havia 13 anos. Isso se repetiu no Dia dos Pais – algo inédito desde 2005 – e no Dia dos Namorados – o primeiro recuo em seis anos.

No ano, o varejo acumula uma retração de 3,3%, segundo o IBGE. Mesmo assim, profissionais ligados ao evento e ao mercado ouvidos pela BBC Brasil estão cautelosos, mas otimistas e preveem um crescimento de dois dígitos nas vendas geradas pelo evento em 2015.

Juliano Motta, diretor geral da BuscaDescontos, organizadora da Black Friday no Brasil, afirmou á BBC que existe uma demanda de consumo reprimida. “Estamos sendo conservadores, mas acreditamos que o público vai estar atento para poder comprar mais com menos dinheiro”, disse.

Natal antecipado
Em seu primeiro ano, a Black Friday registrou R$ 3 milhões em vendas no país, segundo a ClearSale, empresa especializada em fraudes que monitora o faturamento do evento em parceria com seus organizadores. Em 2014, já eram R$ 871,9 milhões.

Neste ano, a expectativa da ClearSale é de que o valor cresça 12%, para R$ 978 milhões. A Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm) prevê um aumento ainda maior, de 18%. Tendo como base um universo maior de vendedores, a associação espera R$ 1,31 bilhão em vendas para este ano.

Este otimismo se deve a alguns motivos. Um deles é a expectativa de varejistas de que os consumidores decidam aproveitar as promoções para adiantar a compra dos presentes de Natal.

“Mesmo numa crise, as pessoas não param completamente de comprar, porque têm necessidades. Mas elas estavam com medo por conta da situação econômica e se seguraram. Agora, querem aproveitar, porque passaram o ano economizando à espera de uma boa oportunidade”, afirmou à BBC Omar Jarouche, gerente de inteligência estatística da ClearSale.

Ofertas agressivas
Na outra ponta do mercado, os varejistas parecem dispostos a oferecer promoções “agressivas” para atrair o consumidor, o que pode ajudar a Black Friday a obter resultados melhores do que a média do varejo ao longo de 2015.

Confiança dos consumidores
Por fim, os organizadores do evento acreditam que estão conseguindo vencer a desconfiança do consumidor em relação à Black Friday.

Após primeiras edições, o dia de descontos ganhou má fama e o apelido de “Black Fraude”, em que “tudo é vendido pela metade do dobro”. Isso porque foram feitas muitas denúncias de lojas que aumentaram seus preços antes da data para depois conceder “descontos” em que o valor cobrado era igual ou até superior ao preço normal.

Em 2013, a Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico lançou um selo para coibir esta prática. As lojas virtuais podem se cadastrar no site Black Friday Legal. Assim, comprometem-se com um código de ética que veta a maquiagem de preços, além de ter de participar de palestras sobre boas práticas. No ano passado, 500 lojas aderiram. Neste ano, são 631.

Também haverá sites que disponibilizarão a evolução dos preços para que o consumidor possa saber se um produto está de fato em oferta.

Da Agência BBC Brasil.

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