O dólar fechou em queda ante o real nesta quinta-feira (26), revertendo a alta observada em boa parte de uma sessão marcada pelo baixo volume de negócios devido ao feriado do Dia de Ação de Graças nos Estados Unido. Além disso, o movimento no mercado de câmbio local foi considerado moderado frente ao cenário de aumento do risco político e incerteza em relação ao ajuste fiscal após a prisão na véspera do líder do governo no Senado, Delcídio Amaral (PT-MS), no âmbito da operação Lava-Jato.
A moeda norte-americana caiu 0,11%, cotada a R$ 3,7465 na venda, após ter avançado 1,26% na véspera. Na semana, o dólar acumula alta de 1,34%. No mês, a divisa ainda tem alta de 3,01%. No ano, a valorização é de 40,9%.
O baixo volume de hoje deixou as cotações mais sensíveis a pequenos negócios. Os mercados norte-americanos não abriram nesta sessão e funcionarão com horário reduzido na sexta-feira.
No cenário local, o mercado continuou adotando cautela em meio ao quadro de incertezas políticas. O Senado votou na noite passada pela manutenção da prisão de Delcídio, determinada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por suspeita de obstrução no andamento da operação Lava Jato, que investiga esquema de corrupção na Petrobras.
Investidores temem que a prisão atrapalhe os esforços do governo para aprovar no Congresso medidas de austeridade fiscal. Analistas consultados pela agência de notícia Reuters afirmam que a notícia abala ainda mais a confiança dos agentes econômicos no curto prazo, mas acreditam que a detenção não deve impedir as votações diante do cenário de recessão.
O movimento local também refletiu a perspectiva de fluxo positivo de recursos após o Comitê de Política Monetária (Copom) ter sinalizado ontem a possibilidade de subir a taxa de juros no ano que vem, o que torna as aplicações em renda fixa mais atrativas, de acordo com a Agência Valor Online.
Operadores citam a perspectiva de fluxo positivo, com a vitória da China Three Gorges (CTG) no leilão das concessões de energia. A empresa chinesa arrematou o maior lote do leilão que compreendia as usinas de Ilha Solteira e Jupiá, ou 82% da potência instalada disponibilizada no leilão, o que exigirá um aporte de R$ 13,8 bilhões em valores de bonificação e outorga.
A assinatura dos contratos de concessão está marcada para o dia 30 de dezembro. Na ocasião, as empresas vencedoras terão de pagar 65% do valor de outorga. Os 35% restantes devem ser pagos em até 180 dias após a assinatura. “O dinheiro esperado do pagamento de outorgas das usinas hidrelétricas deve ajudar a melhorar o déficit das contas públicas”, afirma José Carlos Amado, operador da corretora Spinelli.
Além disso, há sinais de ingresso de recursos para ativos de renda fixa, que seguem atraentes principalmente diante da perspectiva de que o Banco Central possa retomar a alta de juros no início do ano que vem.
Hoje o BC informou que os investimentos estrangeiros em renda fixa somaram ingresso líquido de US$ 3,7 bilhões em novembro, até o dia 24, mais do que compensando a saída de US$ 3,251 bilhões registrada em outubro.
O fluxo cambial no mês, até o dia 24, está positivo em US$ 3,159 bilhões, refletindo um ingresso líquido de US$ 3,895 bilhões para a conta financeira e saída líquida de US$ 736 milhões na conta comercial.
Os investimentos estrangeiros têm contribuído para reduzir o déficit em conta corrente, que somou US$ 4,166 bilhões em outubro, inferior ao projetado pelo BC que era de US$ 4,9 bilhões. No acumulado de 12 meses, o déficit em conta corrente caiu de 4,18% do PIB em setembro para 4,02% do PIB em outubro.
Diante do fluxo positivo de recursos o BC não realizou hoje o leilão de linha de dólar com compromisso de recompra. Desde o início do mês, a autoridade monetária vinha ofertando US$ 500 milhões às terças e quintas, tendo disponibilizado ao mercado US$ 3,5 bilhões.
A autoridade monetária renovou hoje mais 12.120 contratos de swap cambial que venceriam em dezembro, cuja operação somou US$ 587,3 milhões.
(Com informações das agências Reuters e Valor Online)
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