Depois de cair 1% durante o dia, o dólar inverteu o movimento no final da sessão e fechou em alta frente ao real nesta quarta-feira (27), interrompendo assim uma série de três quedas consecutivas em um dia marcado por baixo volumes de negócios, com investidores evitando fazer grandes operações antes do anúncio do Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano) sobre a taxa de juros no país, divulgado logo no final das negociações de hoje no Brasil.
A moeda norte-americana subiu 0,39%, cotada a R$ 4,0859 na venda, após ter caído 0,78% na véspera. No ano, a moeda tem alta acumulada de 3,49%.
No horário de fechamento do mercado de câmbio no Brasil, por volta das 17h, o Fed anunciou a decisão de manter a taxa de juros entre 0,25% e 0,5%. A decisão era esperada por grande parte dos mercados globais. No fim do ano passado, o banco central norte-americano promoveu a primeira alta das taxas em uma década.
O que mais interessa aos investidores agora é o tom do comunicado no qual o Fed anuncia sua escolha, que deve trazer pistas sobre o quanto o tombo dos preços do petróleo e crescentes sinais de desaceleração da economia chinesa afetaram seus planos.
“Esperamos um Fed mais ‘brando’, diante das incertezas com China e elevada volatilidade (instabilidade) dos mercados”, escreveram analistas da Guide Investimentos em relatório.
Isso pode diminuir pressão sobre moedas emergentes. Juros mais altos nos EUA podem atrair para lá recursos atualmente investidos em outros países, onde os negócios não são considerados tão seguros, como é o caso do Brasil.
No entanto, operadores ressaltam que a tendência do dólar continua sendo de alta.
“O dólar ainda continua sensível a altas. Temos muitas incertezas, tanto internas como externas”, disse José Carlos Amado, operador da corretora Spinelli, à agência Reuters.
Lá fora, o dólar reduziu a queda frente às principais divisas após o comunicado do Fed. A moeda dos EUA caía 0,52% frente ao dólar australiano, 0,33% diante do rand sul-africano e 0,37% em relação à lira turca.
Cenário nacional
De acordo com o ‘Valor Online’, o mercado de câmbio local descolou do movimento no exterior, reagindo a notícias de que o governo deve anunciar um reforço de R$ 50 bilhões no crédito via bancos públicos e permitir o uso do FGTS como lastro para o crédito consignado.
A preocupação com a volta da “nova matriz econômica” adotada no primeiro mandato do governo Dilma Rousseff, que tinha como um dos pilares o crédito subsidiado e que foi considerada uma das causas do desiquilíbrio fiscal, aumenta a percepção de risco no mercado local e sustenta a demanda por dólar.
Investidores também ajustam as posições após a nota divulgada hoje pela Fazenda confirmando o pagamento de R$ 28,99 bilhões do BNDES ao Tesouro. Segundo a nota, uma parcela desse pagamento se refere à quitação de contratos indexados ao dólar, pagos gradualmente entre 24 de dezembro e 14 de janeiro.
Segundo um operador ouvido pelo ‘Valor Online’, esse pagamento já estava no radar do mercado, mas hoje a Fazenda informou que ele foi concluído, o que ajudou a sustentar a alta da moeda americana, já que é um player a menos vendendo a moeda americana.
O mercado também aguarda a divulgação da ata do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central brasileiro, após a controversa decisão de manter os juros básicos em 14,25% ao ano na semana passada. A divulgação ocorrerá durante a sessão de amanhã.
Fontes: Agência Reuters | UOL Economia | Valor Online.
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