Do Mundo-Nipo
A crise que sacode o bitcoin colocou em evidência as falhas que envolvem a regulação desta moeda virtual. O recente fechamento da plataforma japonesa MtGox, que afundou o valor do bitcoin, fez os investidores em todo o mundo tremer.
A plataforma MtGox, com sede em Tóquio, está sob investigação de autoridades do Japão depois que a empresa japonesa especializada em câmbio de bitcoin e antiga líder de mercado, simplesmente saiu do ar, levando o dinheiro de seus clientes consigo.
Na terça-feira (25), todas as publicações da companhia em seu perfil no Twitter, que tem 28,3 mil seguidores, foram apagadas. Em seu site, aparece a mensagem: “em meio às especulações sobre a MtGox, gostaria de usar essa oportunidade para tranquilizar a todos que eu ainda estou no Japão e trabalhando duro para encontrar uma solução para essas recentes questões”, escreveu Mark Karpeles, CEO (Chief Executive Officer) da MtGox.
As declarações, no entanto, não aliviaram as preocupações de usuários que, por sua vez, não conseguem acessar suas contas na MtGox nem tão pouco retirarem o fundo de seus investimentos, o que antes era comum saques em espécie.
O MtGox já vinha enfrentando problemas há algum tempo. Nas últimas duas semanas, a corretora suspendeu os saques. O motivo alegado pela empresa era que a MtGox estaria corrigindo uma falha no sistema de carteira virtual, mas documentos vazados na internet apontavam que a razão poderia ser muito mais séria, envolvendo uma falha na segurança, facilitando o roubo de bitcoins. O banco teria perdido cerca de US$ 400 milhões, o equivalente a aproximadamente 750 mil bitcoins.
Em meio às perdas milionárias, o caso está agora na mira das autoridades do Japão. Na quarta-feira (26), o porta-voz do governo japonês, Yoshihide Suga, disse que “nesta fase, as autoridades – Polícia do Japão, Ministério das Finanças e outros órgãos competentes – estão coletando informações sobre o caso”.
Para completar a confusão em torno da MtGox, tem circulado rumores de que a corretora teria sido vendida. Até o momento, pouco se sabe sobre o caso, a não ser que o ocorrido colocou ainda mais em evidência as fragilidades da moeda virtual, que ainda não possui nenhum regulador. A bitcoin, que chegou a valer mais de US$ 1000 em janeiro, viu seu preço despencar para US$ 100, quando a corretora começou a bloquear os saques de bitcoin, no início de fevereiro.
O fato é que a crise que sacode o bitcoin colocou em evidência as falhas da regulação desta moeda virtual e confirma as dúvidas sobre sua confiabilidade, bem como sua viabilidade no mercado como investimento virtual.
Criado em 2009, o bitcoin é negociado nas plataformas de câmbio online sem qualquer supervisão. Enfrentando sua primeira crise grave, esta moeda virtual está perdendo a confiança dos investidores.
Analistas dizem que se as pessoas começarem a ter medo e pensar que é um sinal de problemas mais profundos no sistema do bitcoin, pode ser o equivalente (na escala do bitcoin) da crise financeira de 2007-2008.
Segundo o especialista Henry Farrell, professor de economia política em Washington, a crise pode levar a um movimento de pânico que se “autoalimenta”, como no caso do setor bancário com a quebra do Banco Lehman Brothers, em setembro de 2008.
Fonte: Emissora pública NHK, Agência France-Presse (AFP), Agência Kyodo e jornal Yomiuri Shimbun.
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