Do Mundo-Nipo com Agências
O dólar recuou ante o real nesta sexta-feira (27), mas fechou o mês de fevereiro com alta acumulada em mais de 6%, marcando o sexto mês consecutivo de apreciação. Depois de chegar a encostar em R$ 2,92 na máxima da sessão, a moeda americana reverteu a alta, após divulgação do resultado fiscal melhor que o esperado em janeiro e o anúncio de contenção de gastos pelo governo, o que aliviou parte das preocupações do mercado local com a solidez do ajuste fiscal.
A moeda norte-americana encerrou o dia com desvalorização de 1,01%, cotada a R$ 2,8560 na venda, após chegar a R$ 2,9211 na máxima da sessão, o maior valor intradia desde setembro de 2004. Segundo dados da BM&F, o movimento financeiro ficou em torno de US$ 1 bilhão, contra cerca de US$ 1,7 bilhão na quinta-feira.
Com isso, o dólar encerra a semana com desvalorização de 0,79%. No mês, no entanto, a moeda teve ganho de 6,19%. É o sexto mês seguido em que o dólar avança, acumulando valorização de 27,56% no período. No ano de 2015, a alta é de 7,42%.
O dado melhor que o esperado do superávit primário de janeiro e o anúncio das medidas fiscais ajudaram a aliviar as dúvidas sobre a capacidade do governo de apertar a política fiscal.
Em um esforço para tentar garantir o cumprimento da meta de superávit primário de 1,2% do PIB neste ano, o governo anunciou novas medidas de ajuste fiscal e publicou ontem o decreto que prevê um forte aperto das despesas do governo limitando os gastos com investimentos, restos a pagar , custeio e também obras do PAC a R$ 75,1 bilhões, 21% menor em termos nominais em relação ao que o governo previa gastar no ano passado, enquanto espera a aprovação do Orçamento 2015, que será votado na próxima semana.
O governo ainda anunciou hoje aumento nas alíquotas de contribuição do INSS sobre faturamento das empresas, reduzindo os gastos com desonerações, em mais um esforço para enviar ao mercado a mensagem de viabilidade da meta de superávit primário de 1,2% do PIB.
O ministro da Fazenda Joaquim Levy disse que o governo, ao retirar o benefício da desoneração da folha de pagamento para algumas empresas, reduzirá a renúncia fiscal de R$ 25 bilhões para R$ 12 bilhões por ano. Levy ressaltou que a desoneração tinha sido feita com o dólar a R$ 1,60 e havia um problema de competitividade para exportadores, e o cenário hoje é diferente com o dólar a R$ 2,85.
Do ponto de vista da meta de superávit, a revisão na desoneração e da folha de pagamentos e Reintegra devem contribuir com R$ 14,6 bilhões.
O resultado do superávit do setor público consolidado, anunciado hoje também veio melhor que o esperado, somando R$ 21,063 bilhões e reverteu o déficit de R$ 12,9 bilhões de dezembro. Além disso, foi interrompida a trajetória de piora na proporção do déficit sobre o PIB em 12 meses. De fato, o déficit acumulado no período caiu de 0,63% para 0,61%, contra algumas expectativas de aumento.
A melhora dos resultados fiscais é um dos pontos essenciais para evitar um rebaixamento do rating soberano do Brasil e foram bem recebidas pelo mercado. Hoje a Moody’s anunciou que espera um superávit primário entre 0,7% e 0,8% do PIB para este ano, abaixo da meta prometida pelo governo.
A volatilidade desta sessão foi acentuada ainda pela briga que costuma anteceder a formação da Ptax de fim de mês, taxa calculada pelo Banco Central que serve de referência para diversos contratos cambiais. Nas últimas sessões do mês, investidores costumam realizar operações pontuais para deslocar a Ptax. A taxa fechou a R$ 2,878 para compra e a R$ 2,878 para a venda.
Atuações do Banco Central no câmbio
Nesta manhã, o Banco Central vendeu a oferta total de até 2 mil swaps cambiais, que equivalem a venda futura de dólares. Foram vendidos 500 contratos para 1º de dezembro de 2015 e 1.500 para 1º de fevereiro de 2016, com volume correspondente a US$ 98,0 milhões.
Investidores aguardam agora o anúncio da próxima etapa de rolagem dos swaps cambiais que vencem em abril, equivalentes a US$ 9,964 bilhões, sob expectativa de que novamente a autoridade monetária reponha integralmente esses swaps. Devem crescer no mercado também os questionamentos sobre o futuro do programa de intervenções diárias, marcado para durar até “pelo menos” o fim de março.
(Com informações das Agências Valor Online e Reuters)
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