O dólar comercial fechou em forte alta nesta quarta-feira (27) e atingiu a maior cotação em quase seis meses, diante da crescente preocupação com a articulação política em relação à reforma da Previdência e temores sobre a economia mundial.
De acordo com a agência ‘Reuters’, a divisa dos EUA terminou a sessão em alta de 2,27%, cotada a R$ 3,9545 na venda. É o maior patamar desde 1º de outubro passado, quando fechou valendo R$ 4,0183. Na máxima do dia, a divisa norte-americana chegou a R$ 3,9730 na venda.
O mau humor foi deflagrado após a Câmara dos Deputados votar na noite de terça-feira a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que obriga a execução de emendas coletivas no Orçamento da União, o que foi interpretado como derrota para o governo.
A PEC contraria o que o ministro da Economia, Paulo Guedes, vem defendendo como “plano B” à reforma Previdência, a desvinculação total do Orçamento. O texto foi aprovado em dois turnos por ampla maioria e agora seguirá para o Senado, adiantou a ‘Reuters.
À tarde, na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, chamou a atenção fala de Guedes de que não tem “apego ao cargo”, embora tenha ponderado que não tem “irresponsabilidade” de deixar o posto na primeira derrota.
“O recado é claro. O governo não tem apoio. E menos ainda para uma pauta impopular como a reforma [da Previdência]. O mercado está sendo chamado à realidade”, disse Reginaldo Galhardo, gerente de câmbio da Treviso Corretora, segundo ‘Reuters’.
No fim da tarde, o presidente Jair Bolsonaro, em entrevista à TV Bandeirantes, disse que, de sua parte, “não tem briga” e que na volta de viagem a Israel se encontrará com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
As compras recentes de dólar têm sido lideradas sobretudo por estrangeiros, que já sustentam posições líquidas compradas de US$ 37,1 bilhões. Apenas na véspera houve a compra líquida de quase US$ 1 bilhão.
“Nem mesmo a entrada do exportador está conseguindo aliviar o câmbio. No máximo, não deixa subir mais”, disse Marcos Trabbold, da B&T Corretora.
Mauricio Oreng, estrategista sênior para Brasil do Rabobank, reconheceu que o risco de uma reforma mais diluída e mesmo de não aprovação está mais alto, mas ainda considera cedo para se apostar num cenário disruptivo.
“Mas até lá o caminho do dólar será de mais solavancos”, disse, embora ainda preveja taxa de R$ 3,70 no fim do ano, aprovada uma reforma previdenciária com economia prevista de 700 bilhões de reais em uma década, conforme noticiou a ‘Reuters’.
Atuação do Banco Central no câmbio
O BC do Brasil vendeu todos os 14,5 mil contratos de swap cambial tradicional, equivalentes à venda futura de dólares, ofertados em rolagem do vencimento abril.
Com isso, já renovou US$ 11,600 bilhões dos US$ 12,321 bilhões com vencimento no começo de abril.
BC perde R$ 4,4 bi com atuação no câmbio em março
O Banco Central teve um perda de R$ 4,447 bilhões com operações de swap em março até o dia 22. No ano, a conta está positiva em R$ 7,496 bilhões, informou hoje o ‘Valor Online’.
Os swaps não visam gerar ganhos para o Banco Central. Com esses contratos, a autoridade monetária oferece proteção ao mercado em momentos de grande volatilidade no câmbio. No contrato, o BC é perdedor quando o dólar sobe em relação ao real e ganha com a valorização da moeda nacional.
No acumulado de 2018, a conta ficou negativa em R$ 15,125 bilhões.
O estoque de swaps em mercado é hoje de US$ 68,9 bilhões. A última vez que a autoridade monetária ofereceu novos contratos de swaps foi no fim de agosto do ano passado.
Em março, até o dia 15, o valor em reais das reservas internacionais do país aumentou em R$ 57,307 bilhões. No acumulado do ano, houve valorização de R$ 2,853 bilhões. No ano passado, as reservas acumularam valorização de R$ 141,328 bilhões.
Fontes: Reuters | Valor Online.
Descubra mais sobre Mundo-Nipo
Assine para receber nossas notícias mais recentes por e-mail.