O dólar avançou 2% sobre o real nesta sexta-feira (27) e fechou na maior alta semanal em mais de dois meses, pressionado pelo aumento da preocupação com o risco político e com a capacidade do governo em aprovar as medidas fiscais.
A moeda norte-americana subiu 2,05%, cotada a R$ 3,8234 na venda. Trata-se do maior valor de fechamento desde o dia 13, quando terminou o dia a R$ 3,8331.
Com isso, o dólar termina a semana com alta de 3,42%, maior avanço semanal desde o início de setembro. No mês de novembro, o dólar acumula desvalorização de 1,02%. No ano, porém, tem alta de 43,81%.
Uma série de notícias negativas no âmbito político e fiscal interrompeu o movimento de recuperação do real e trazem à tona o risco de um novo rebaixamento do rating soberano brasileiro.
A recente prisão do líder do governo no Senado, Delcídio Amaral (PT-MS), paralisou as votações no Congresso, inclusive da revisão da meta de superávit fiscal para este ano, que ainda está em 1,1% do PIB, e que teria que ser votada até 30 de novembro. Se a meta não for revisada, o governo terá que cortar as despesas para cumprir a determinação do Tribunal de Contas da União (TCU) para evitar a não aprovação das contas do governo pelo segundo ano consecutivo.
Notícias veiculadas hoje apontam que a presidente deve baixar um decreto determinando a suspensão de gastos do governo a partir de terça-feira, sendo mantido apenas os serviços básicos. 2015. A votação da revisão da meta de superávit de 2015 está prevista para próxima terça-feira, e no caso de ser aprovada, o contingenciamento pode ser revogado.
Além disso, cresce a preocupação com o avanço das investigações da operação Lava-Jato. Hoje o presidente da Andrade Gutierrez, Otávio marques de Azevedo, preso desde 19 de junho, está fechando um acordo de colaboração com a Procuradoria-Geral da República (PGR) e disse que vai apontar o nome de pelo menos dois senadores que teriam recebido propina da Petrobras.
Investidores ainda estão preocupados com a visita da Standard & Poor’s ao país na semana. A agência de classificação de risco rebaixou a nota soberana do Brasil para grau especulativo em setembro e mantém a perspectiva negativa.
Atuações do Banco Central no câmbio
O Banco Central fez, pela manhã, o último leilão de rolagem dos swaps cambiais (equivalentes à venda futura de dólares) com oferta de até 12.120 contratos que vencem em dezembro. Ao todo, o BC rolou 97% do volume total, que corresponde a US$ 10,905 bilhões.
O próximo lote de swaps, que vence em janeiro, equivale a US$ 10,694 bilhões.
Mercado externo
A alta do dólar também foi influenciada pelo baixo volume de negócios. Muitos operadores estrangeiros “enforcaram” a sexta-feira devido ao feriado do Dia de Ação de Graças nos Estados Unidos, na véspera. Por causa do feriado, o mercado norte-americano funcionou em horário reduzido nesta sessão.
Investidores também ficaram mais cautelosos em relação à economia chinesa, importante referência para outros mercados emergentes. A cautela é por conta da queda da Bolsa da China, que fechou em queda de mais de 5%, maior baixa desde agosto. O tombo aconteceu em meio a notícias de que o órgão regulador do mercado acionário ampliou sua investigação sobre corretoras e incluiu a quarta maior do país.
Fontes: Agência Reuters | Agência Valor Online.
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