O principal indicador da inflação ao consumidor no Japão, ou seja, o Índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês), ficou estável em janeiro na comparação anual, enquanto o núcleo do CPI também ficou estável na mesma base de comparação, o que representa um duro golpe sobre os esforços do governo do primeiro-ministro Shinzo Abe, que luta para elevar a inflação no país.
O núcleo do CPI, que exclui os preços voláteis dos alimentos frescos, mas inclui energia, veio em linha com as expectativas mediana de analistas para o primeiro mês de 2016. Já o índice de preços, que exclui tanto alimentos como energia, a medida preferida do Banco do Japão (BoJ), desacelerou para 1,1% em janeiro, de 1,3% em dezembro, a primeira queda em um ano, de acordo com os números preliminares do Ministério dos Assuntos Internos e Comunicações do país, que foram divulgados na sexta-feira (26).
A inflação no Japão tem enfraquecido desde o ano passado, influenciada por uma menor demanda dos consumidores e a queda dos preços do petróleo. A autoridade monetária teme que o desalento contínuo dos preços possa levar empresas e famílias a mudar seu comportamento em função da inflação, o que poderia se traduzir na volta da espiral inflacionária.
O recuo da medida de inflação do BoJ, uma espécie de “núcleo do núcleo”, é mais um fator a pressionar as autoridades japonesas. Até então, o discurso era de que o CPI vinha fraco apenas em reação ao tombo dos preços do petróleo, algo que o novo dado desconstrói.
A desaceleração do indicador acontece em meio a outro passo em falso do governo japonês. No início do ano, a autoridade monetária tentou chocar os mercados ao adotar juros negativos para algumas de suas taxas. Muitos, no entanto, acreditam que o movimento falhou em seus principais seus objetivos. Embora os rendimentos dos bônus tenham recuado, como planejado, o iene não se desvalorizou. Muitos japoneses também passaram a comprar cofres para guardar seu dinheiro ao invés de levá-lo ao banco.
Nas últimas semanas, o presidente do BoJ, Haruhiko Kuroda, tem sido chamado frequentemente pelo Parlamento para dar explicações. A decisão de criar um “núcleo do núcleo” veio do próprio Kuroda, em outra tentativa de fazer os consumidores confiarem na alta da inflação.
Economistas veem o resultado como uma grande ameaça aos planos do banco central japonês, que ativou em abril de 2013 um programa de estímulo monetário em massa para acabar com uma década e meia de deflação e conseguir uma inflação anualizada próxima a 2% até 2016, um prazo que foi dilatado para acontecer em a”algum momento do ano fiscal d 2017″.
Fontes: Agência Kyodo | Agência Estado.
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