Atualizado em 28/08/2017 – 21h15
A Coreia do Norte realizou nesta terça-feira (horário local) mais um teste de míssil em menos de uma semana. Desta vez, porém, o regime do ditador norte-coreano Kim Jong-un disparou um novo míssil não identificado que sobrevoou os céus do norte do Japão, aumentando ainda mais as tensões na península coreana. A informação foi confirmada pelos ministérios de Defesa japoneses e sul-coreanos, bem como pelo Pentágono.
Pyongyang não lançava um projétil sobre o território japonês desde 2009. O foguete não identificado foi lançado de um local próximo à capital, Pyongyang, às 05h57 de terça (17h57 de seguda no horário de Brasília) e voou cerca de 2,7 mil quilômetros, alcançando a altura de 500 quilômetros, segundo o Estado-Maior sul-coreano.
Curiosamente, militares japoneses acompanharam o trajeto do projétil sem tentar interceptá-lo, contrariando promessa recente de que derrubaria qualquer projétil que cruzasse o arquipélago.
“Podemos confirmar que o míssil lançado pela Coreia do Norte sobrevoou o Japão”, disse o porta-voz do Pentágono, coronel Robert Manning, a repórteres, acrescentando que autoridades americanas estavam coletando mais informações.
A emissora estatal japonesa ‘NHK’ reportou que o míssil quebrou em três partes e caiu no mar, a 1.180 quilômetros ao leste de Cabo Erimo em Hokkaido, a segunda maior ilha do arquipélago japonês.
O sistema de alerta do governo J-Alert disparou sirenes e aconselhou as pessoas na área a tomar precauções, mas a ‘NHK’ disse não haver sinais de danos.
Logo após os lançamento, o secretário de gabinete do Japão, Yoshihide Suga, reuniu a imprensa e condenou veementemente o disparo. “Esta é uma ameaça sem precedentes, séria e grave à nossa nação”, afirmou Suga durante entrevista coletiva, acrescentando que o governo protestou contra a ação nos mais fortes termos.
Suga disse que o lançamento foi uma clara violação às resoluções da Organização das Nações Unidas e que o Japão irá trabalhar de perto com EUA, Coreia do Sul e outras nações interessadas em uma resposta.
Em seguida, o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, disse que fará tudo o que puder para proteger o país. “Faremos os maiores esforços para proteger a vida das pessoas”, Abe disse a repórteres enquanto entrava em seu gabinete para um encontro de emergência, conforme noticiou o jornal ‘O Globo’.
Segundo a agência de notícias Reuters, o Exército da Coreia do Sul afirmou que o projétil foi lançado da região de Sunan. Mais cedo, a Coreia do Sul havia anunciado que o país poderia estar preparando o sexto teste nuclear na zona de testes subsolo de Punggye-ri.
O disparo desta segunda-feira representa uma significativa escalada da parte de Pyongyang, que este mês ameaçou lançar projéteis contra a ilha de Guam, no Oceano Pacífico, onde há uma importante base americana. O lançamento acontece alguns dias depois que Pyongyang testou três mísseis balísticos de curto alcance, considerados como uma provocação para retaliar os exercícios conjuntos anuais realizado por EUA e Coreia do Sul.
Ogiva nuclear
No início de agosto, a Coreia do Norte anunciou que conseguiu desenvolver uma ogiva nuclear para caber dentro de mísseis balísticos, o que soou como uma ameaça de ataques aos Estados Unidos e à Coreia do Sul. O anúncio desencadeou uma troca de ameaças entre Washington e Pyongyang e elevou as tensões diplomáticas. No entanto, o governo norte-coreano anunciou que esperaria um ação americana antes de ativar o plano elaborado para atacar a ilha de Guam, território americano no Pacífico, com quatro mísseis.
O líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, ordenou o aumento da produção de motores de foguete e de ogivas de mísseis balísticos intercontinentais (ICBM), segundo a mídia estatal de Pyongyang. Um comunicado da agência oficial norte-coreana sugere que o país estaria trabalhando num míssil mais poderoso, que utiliza combustível sólido. Pouco antes, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, havia declarado em comício que sua retórica agressiva em relação à Coreia do Norte passava a dar frutos e que Kim Jong-un começava a “respeitar” os Estados Unidos.
Ao contrário de foguetes com combustível líquido, os projéteis com combustível sólido não precisam ser abastecidos antes do lançamento, um processo que pode levar uma hora e torna o míssil mais vulnerável a um ataque preventivo. Os novos mísseis teriam, então, um disparo mais rápido e seriam mais fáceis de serem escondidos.
Com informações do Jornal o Globo, NHK e agências internacionais.
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