O Japão e o Reino Unido assinarão um pacto de livre comércio, talvez em setembro, segundo informou o jornal financeiro Nikkei. O negócio seguirá os moldes das tarifas preferenciais do Acordo de Parceria Econômica entre o Japão e a União Europeia, minimizando o impacto do Brexit nas empresas japonesas.
De acordo com os dados da alfândega, o Japão exportou mercadorias no valor de mais de 1,5 trilhão de ienes (US$ 14,1 bilhões) para o Reino Unido e importou produtos no valor de 887 bilhões de ienes do Reino Unido em 2019.
O novo pacto comercial é especialmente bom para o Japão, pois evitará aumentos de tarifas, diz o Nikkei.
Será o primeiro acordo comercial do Reino Unido com um grande país desde que saiu da União Europeia e servirá de modelo para negociações com outros países.
O ministro das Relações Exteriores do Japão, Toshimitsu Motegi, e a secretária de Comércio Internacional do Reino Unido, Liz Truss, falaram por telefone na quarta-feira passada. Eles concordaram sobre a maior parte do conteúdo do acordo de livre comércio.
Os dois lados pretendem assinar o pacto neste mês de setembro e pretendem que ele entre em vigor já em janeiro do próximo ano.
Principais conteúdos do acordo
Segundo o acordo, não haverá tarifas automotivas sobre carros japoneses em 2026, após a redução gradual da tarifa, em linha com o acordo UE-Japão. As tarifas sobre algumas peças automotivas e ferroviárias serão eliminadas antes do acordo UE-Japão, beneficiando os fabricantes de peças japoneses.
As importações de queijo azul do Reino Unido, que é muito apreciado pelos japoneses, terão garantida uma tarifa no mesmo nível estipulado no acordo UE-Japão.
Será criado ainda um sistema para importar queijo com uma tarifa mais elevada, mas, posteriormente, o fornecedor será reembolsado. Os importadores de queijo pagarão uma tarifa de 29,8% quando importarem do Reino Unido. Posteriormente, eles receberão um reembolso se o valor total da importação no final do ano estiver abaixo do nível acordado. Esse reembolso tornará a tarifa igual a uma taxa de 24,2% entre o Japão e a UE.
As regras para o setor digital terão menos envolvimento do governo, em comparação com o acordo UE-Japão. Algoritmos e criptografia serão incluídos na lista de áreas onde os governos não podem exigir que as empresas divulguem informações.
As tarifas preferenciais sob o Acordo de Parceria Econômica (EPA, na sigla em inglês) entre Japão e União Europeia são aplicáveis ao comércio Japão-Reino Unido até dezembro.
No entanto, tarifas mais altas entrarão em vigor a partir do próximo ano, na ausência de um novo acordo comercial Japão-Reino Unido, o que prejudicaria os exportadores japoneses.
Mundo-Nipo (MN)
Fonte: Nikkei Asian Review.
Atualizado em 02/09/2020.