Dólar salta quase 2% ante o real e fecha no maior valor desde 2008

Somente em setembro, a moeda dos EUA já avançou quase 10% sobre o real.

Do Mundo-Nipo com Agências

O dólar avançou quase 2% sobre o real e fechou nesta segunda-feira (29) no maior valor desde o fim de 2008, após a pesquisa Datafolha mostrar avanço nas intenções de voto para a presidente Dilma Rousseff (PT) no primeiro turno, passando a ter vantagem numérica sobre Marina Silva (PSB) no segundo turno.

A moeda norte-americana encerrou as negociações de hoje com forte valorização de 1,64%, cotada a US$ 2,4557 na venda. Trata-se do maior valor de fechamento desde o dia 9 de dezembro de 2008, durante a crise financeira internacional, quando o dólar fechou em R$ 2,473.

Segundo dados da BM&F, o movimento financeiro ficou em torno de US$ 2 bilhões. No mês, a moeda já acumulada alta de 9,68%. No ano, a valorização atinge 4,17%.

Nesta sessão, a pressão que se instalou logo na abertura empurrou o dólar ao maior patamar em quase seis anos e na maior alta percentual em mais de dois anos e meio. O real foi, novamente, a moeda que mais perdeu frente ao dólar, considerando uma lista de 34 divisas.

Na máxima, a moeda foi a R$ 2,4782, maior patamar intradia desde 10 de dezembro de 2008, dia em que alcançou R$ 2,5130. No pico de hoje, a alta foi de 2,65%, a mais forte desde 12 de março de 2012 (+2,75%).

Segundo o Valor Online, operadores comentaram que o real foi punido em meio a uma espécie de “tempestade perfeita”. A queda da moeda brasileira hoje decorreu de um ajuste ao movimento de sexta-feira, quando o real se valorizou diante de rumores quanto a uma reportagem que a revista “Veja” traria, com potencial de estragos à campanha do PT. “Veja” revelou suposta declaração do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto da Costa, o qual afirmou ter recebido pedido de contribuição de R$ 2 milhões de Antonio Palocci para a campanha de Dilma em 2010. A notícia foi considerada morna, o que dita o ajuste hoje.

Além disso, pesquisa Datafolha divulgada na noite da última sexta-feira mostrou um contínuo avanço da presidente Dilma Rousseff (PT), bem como recuo de Marina Silva (PSB) nas intenções de voto. A vantagem de Dilma sobre Marina subiu de sete pontos percentuais para 13 no primeiro turno. A presidente agora encontra-se com 40% das intenções de voto, contra 27% de Marina. Na simulação de segundo turno, Dilma (47%) aparece numericamente à frente de Marina (43%), embora o empate técnico ainda persista.

Quase no final do pregão, pesquisa CNT/MDA também confirmou o avanço da presidente, dando mais um impulso ao dólar.

“Se isso se confirmar (avanço de Dilma) nas próximas pesquisas, o céu é o limite para o dólar”, afirmou à Agência Reuters o gerente de câmbio da corretora Fair, Mário Battistel, para quem a moeda norte-americana pode ir acima de R$ 2,50 no curto prazo.

O cenário externo também impulsionou o dólar. Investidores evitaram comprar ativos de maior risco por cautela antes da divulgação do relatório de emprego dos Estados Unidos na sexta-feira, levando a divisa norte-americana a subir contra moedas emergentes, como as do Chile e do México.

Ainda de acordo com a Reuters, os números podem reforçar as expectativas de que a alta dos juros norte-americanos ocorra de forma mais intensa do que a esperada, atraindo recursos aplicados em outros países.

A forte pressão cambial levou alguns investidores a cogitar a possibilidade de o BC brasileiro intervir com mais força no mercado para limitar o impacto inflacionário da alta do dólar.

Alguns analistas, no entanto, apostam que o BC não fará intervenções adicionais, atuando apenas por meio dos leilões diários e das rolagens de swaps, uma vez que o movimento do real está, em certa medida, alinhado com o de outras moedas emergentes. Toda a região tem sofrido com temores de que os juros dos Estados Unidos subam de forma mais intensa do que a esperada.

Até agora, a autoridade monetária deu continuidade às intervenções diárias no mercado de câmbio, colocando nesta sessão a oferta total de até 4 mil swaps cambiais, que equivalem à venda futura de dólares.

Foram vendidos 1,7 mil contratos para 1º de junho e 2,3 mil para 1º de setembro de 2015, com volume equivalente a US$ 197,5 milhões.

O BC também vendeu a oferta total de até 15 mil swaps para rolagem dos contratos que vencem em outubro e, com isso, rolou praticamente todo o lote, que corresponde a US$ 6,677 bilhões.

O próximo lote de swaps vence em 3 de novembro e equivale a US$ 8,84 bilhões. O mercado espera amplamente que esses contratos sejam rolados integralmente.

*As cotações são da Agência  Thomson Reuters.

 


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