Do Mundo-Nipo com Agências
O dólar avançou fortemente sobre o real nesta sexta-feira (30) e fechou com a maior alta diária desde setembro de 2011, aproximando-se de R$ 2,70 e anulando a perdas vistas em janeiro, em reação a declarações do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, indicando que não há intenção do governo de manter a moeda brasileira valorizada “artificialmente”, de acordo com a agência Reuters.
A moeda norte-americana encerrou o dia com valorização de 2,96%, cotada a R$ 2,6894 na venda, após chegar a R$ 2,6919 na máxima da sessão. Foi a terceira alta consecutiva e a maior alta diária desde outubro de 2014, quando, no dia 31, o dólar subiu 2,94%. Além disso, é também o maior valor de fechamento desde o dia 7 deste mês, quando o dólar valia R$ 2,704 na venda.
Segundo dados da BM&F, o movimento financeiro, no entanto, foi reduzido, ficando em torno de US$ 1 Bilhão ante US$ 1,6 bilhão na sessão anterior.
Com o resultado de hoje, a moeda americana reverteu todas as perdas que vinha acumulando no ano até a véspera, encerrando janeiro com valorização de 1,15%.
No mercado externo, o cenário de aversão a risco pesou sobre as moedas emergentes. Notícia de corte inesperado da taxa básica de juros na Rússia e maior intervenção política na Turquia ajudaram a aumentar o mau humor dos investidores com os mercado emergentes.
A forte alta do dólar no exterior e a ‘disputa’ pela Ptax de fim de mês também adicionaram volatilidade aos negócios. A economia norte-americana desacelerou com força no quarto trimestre de 2014, crescendo 2,6%, em ritmo anualizado, no período, abaixo do esperado, destacou a agência Reuters.
O dólar já vinha avançando desde o início dos negócios, após a Moody’s rebaixar todos os ratings da Petrobras na noite de quinta-feira, mantendo-os em revisão para rebaixamento adicional, o que pode afugentar investidores estrangeiros.
A declaração do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, também ajudaram a intensificar a pressão no câmbio. Ao ser questionado a respeito do que podia ser feito para ajudar as empresas exportadoras neste momento, Levy afirmou, em evento em São Paulo, que o câmbio não é uma variável que se controla facilmente e que o trabalho para melhorar a competitividade dos exportadores é via investimento em infraestrutura, e não por meio de intervenções cambiais, conforme noticiou a Agência Valor Online.
“Câmbio não se controla tanto assim, não é uma variável macro onde dê para se fazer grandes operações. O que é importante, porque a capacidade de um país ser competitivo está em um câmbio que reflita a força da economia de várias maneiras”, afirmou Levy.
A assessoria de imprensa do Ministério da Fazenda procurou a agência Valor para esclarecer que o ministro Joaquim Levy teve a intenção de reafirmar que a política cambial do Brasil é flutuante e que não haverá grandes intervenções com o objetivo de desvalorizar a moeda. Segundo a assessoria, o ministro não teve o objetivo de dar qualquer sinal a respeito do futuro do atual programa de oferta de swap cambial, nem mesmo de criticar o BC em sua estratégia. A assessoria disse ainda que não havia nas declarações de Levy avaliação de que o câmbio está ou não excessivamente valorizado.
Ainda de acordo com o Valor, na dúvida, no entanto, investidores preferiram tomar dólares, por entenderem que as declarações de Levy são mais um elemento que reforça a visão de que o governo pode estar mais disposto a desmontar medidas de apoio à moeda brasileira.
A ausência de sinais sobre a rolagem do lote de US$ 10,438 bilhões em swaps cambiais que vence em março e a sinalização do Banco Central brasileiro de que pode reduzir o ritmo de aperto monetário têm sido interpretados como sinais de que as autoridades podem estar vendo agora menos necessidade de suporte ao câmbio, devido ao aumento da liquidez após o anúncio do programa de estímulos monetários do Banco Central Europeu (BCE) , que vai injetar pelo menos 1,14 trilhão de euros até setembro de 2016.
No entanto, analistas defendem que o BC deve continuar a rolar os contratos de swap que estão vencendo e não deveria renovar o programa de intervenção nos moldes atuais, mantendo a atuação no câmbio quando necessário, sem um prazo definido.
Para Carlos Thadeu de Freitas, ex-diretor do Banco Central e economista-chefe da Confederação nacional de Comércio (CNC), o BC poderá até reduzir o tamanho das intervenções se a maior liquidez no mercado após o anúncio do programa do BCE aumentar o fluxo de investimentos para o Brasil. O economista também lembra o alto custo fiscal da manutenção do programa da ração diária.
No ano passado, o BC teve um prejuízo contábil de US$ 17,329 bilhões com os ajustes das operações de derivativos cambiais. Neste ano, até o dia 23, o BC estava com ajuste positivo de US$ 15,285 bilhões com o câmbio acumulando uma valorização de 2,62% até então.
O problema é que os analistas preveem uma desvalorização do câmbio, diante de um ambiente de fortalecimento global do dólar. A mediana da previsão dos analistas no último Boletim Focus é de um câmbio a R$ 2,80 no fim do ano. Para Freitas, o câmbio deve fechar o ano próximo de R$ 3.
Atuações do Banco Central no câmbio
Nesta manhã, o BC vendeu integralmente a ração diária, colocando o equivalente a US$ 99,0 milhões em swaps. Todos os contratos vendidos vencem em 1º de setembro. A autoridade monetária também ofertou contratos para 1º de dezembro, mas não vendeu nenhum.
Mas a autoridade monetária ainda não anunciou o início da rolagem de swaps que vencem em 2 de março, que equivalem a US$ 10,438 bilhões. O BC vem fazendo rolagens praticamente integrais nos últimos quatro meses.
(Com informações das Agências Reuters e Valor Online)
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